quarta-feira, 23 de abril de 2025

Previsão do tempo no Ceará até quinta-feira indica redução nas chuvas

Nesta quarta-feira, a Funceme prevê uma redução significativa tanto no número de municípios com registro de chuva quanto nos acumulados diários.
A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) divulgou a previsão do tempo para os próximos dias no estado do Ceará, e o cenário aponta para uma redução gradual nas chuvas, especialmente a partir desta quarta-feira (23). A tendência é de instabilidades mais localizadas e de menor intensidade em comparação com o que foi registrado nas últimas semanas.

Nesta quarta-feira, a Funceme prevê uma redução significativa tanto no número de municípios com registro de chuva quanto nos acumulados diários. As precipitações devem ser isoladas e ocorrer preferencialmente na porção centro-norte do estado, incluindo áreas da Região Metropolitana de Fortaleza, Sertão Central e parte do Litoral Norte. A chance de chuva no centro-sul do estado diminui consideravelmente.

Para a quinta-feira (24), a previsão indica o retorno das chuvas à região centro-norte do Ceará, com possibilidade de pancadas isoladas. No entanto, o centro-sul do estado, incluindo o Cariri e parte do Sertão Central, deve ficar sob condição de tempo seco, sem expectativa significativa de chuva.

Apesar da tendência de redução nas chuvas, a Funceme orienta a população a acompanhar atualizações diárias da previsão do tempo, especialmente em regiões suscetíveis a alagamentos e áreas rurais com solo já encharcado.

A diminuição das chuvas pode indicar o início do processo de transição para o fim da quadra chuvosa no Ceará, que tradicionalmente se encerra no mês de maio. Ainda assim, episódios isolados de chuva intensa não estão descartados, especialmente em áreas de relevo elevado ou com maior umidade residual.

terça-feira, 22 de abril de 2025

Vídeo: Jovem vende paçoca no sinal em BH para realizar sonho de estudar na França

Durante o período em que a reportagem acompanhou a jornada extra, 25 motoristas abordados por ele sequer abriram os vidros
São 18 horas na região hospitalar de Belo Horizonte. Após jornada CLT como atendente de uma ótica no Centro de BH, o jovem mato-grossense Jonathan Fernandes, 21 anos, aborda motoristas parados no sinal da avenida Francisco Sales, esquina com Bernardo Monteiro. Nas mãos, potes de paçoca que ele mesmo faz. No pensamento, o sonho de estudar na França. É por isso que ele se desdobra.

O trabalho de Jonathan na rua não é fácil: durante o período em que a reportagem acompanhou a jornada extra, 25 motoristas abordados por ele sequer abriram os vidros: “Normalmente, tem gente que evita até falar comigo. Hoje mesmo teve um cara que acelerou o carro e fechou o vidro só para não falar comigo. Ficava bem abalado no começo, mas aprendi a lidar. É aquela coisa: de 15 nãos, às vezes, vem um sim. É bom sempre continuar e não desisti”, disse à Itatiaia.

Filho de pai alcoólatra, com quem teve pouco contato, Jonathan foi criado pela mãe até os 14 anos, quando passou a morar com avó na cidade de Várzea Grande-MT. Ele veio para Belo Horizonte há pouco mais de um ano sozinho, após fazer amizade com um jovem de BH que conheceu em jogos on-line.

“Em 2023, fui convidado pela família dele para vir no aniversário dele de surpresa. Vim e foi nisso que conheci Belo Horizonte”, conta o jovem, que voltou para o Mato Grosso e começou a trabalhar em Cuiabá, em uma rede de pizzaria que tem franquias em diversas cidades do Brasil, incluindo a capital mineira. “Surgiu uma oportunidade de trabalhar em Belo Horizonte. Como gostei muito daqui e tenho esse amigo próximo, vim para trabalhar nessa mesma empresa. Fiquei trabalhando nessa empresa oito meses”.
Jonathan conta que conseguiu se estruturar e alugar um apartamento no bairro Maria Tereza, região Norte BH. Paga cerca de R$ 900 de aluguel, mais da metade do valor do salário. “Mobilhei meu apartamento sozinho. Fiz tudo sempre sozinho, porque não tenho família aqui”, ressaltou.
Confiança
Jonathan tem uma maneira de trabalhar que a chama a atenção: quando o sinal abre e o motorista não tem tempo para fazer o pix, ele fala: “Pode levar e fazer o pix depois. Não tem problema”, diz o jovem. “A maioria leva e faz o pix”, completa.

Cada pote de paçoca custa R$ 12. Ele vende 15 por dia. “Adquirir esta deliciosa paçoca é muito mais do que saborear um doce incrível, é contribuir para a realização do meu sonho de fazer intercâmbio na França. Eu sou o Jonathan e agradeço imensamente o seu apoio”, diz o texto escrito no pote, que tem ainda o número do pix.

Rádio Itatiaia

Advogada é presa em flagrante após agredir cadela no Rio de Janeiro

O caso foi registrado como maus-tratos contra animal doméstico na 32ª Delegacia de Polícia
Uma advogada foi presa em flagrante nessa segunda-feira (21) na zona Oeste do Rio de Janeiro após ser vista em um vídeo agredindo uma cadela com uma vassoura na varanda de um prédio no bairro Pechincha. Nas imagens, uma criança, filha da suspeita, aparece presenciando a agressão.

O vídeo foi encaminhado a voluntários do projeto Nas Garras da Lei, que se deslocaram até o local e, no endereço, confirmaram os fatos. A cadela da raça Basset, chamada Belinha, tem oito meses de idade.

O caso foi registrado como maus-tratos contra animal doméstico na 32ª Delegacia de Polícia. Com base no material apresentado e nas declarações coletadas, a equipe da delegacia prendeu a mulher em flagrante.

Em entrevista à CNN, a delegada Isabela Fonseca reforçou que o crime de maus-tratos a animais é inafiançável.

“Com essa prisão, a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro reforça a importância do respeito e da proteção aos animais. Ressaltando que maus-tratos não é apenas um ato cruel, mas também é crime previsto na Lei de Crimes Ambientais, que prevê pena de reclusão de dois a cinco anos, além de multa e a proibição da manutenção da guarda do animal”, pontuou a delegada.

Belinha foi resgatada e levada para uma clínica veterinária para avaliação e tratamento. Depois, a cadela foi acolhida pela Organização Não Governamental (ONG) Indefesos, que busca um lar temporário para o animal enquanto aguarda decisão da Justiça. A defesa da mulher não foi localizada.

Caseiro devorado por onça: animal já rondava rancho desde março; veja vídeo

Presença do animal nas redondezas do local onde o caseiro trabalhava já era, inclusive, reconhecida pelo homem
Os restos mortais de Jorge Avalo, de 60 anos, devorado por uma onça-pintada, foram encontrados nesta terça-feira (22), no Pantanal de Aquidauana, no Mato Grosso do Sul. Em um vídeo de câmera de segurança datado de 23 de março desse ano, é possível ver o animal andando pelo rancho onde Avalo trabalhava.

A presença do animal nas redondezas do local onde o caseiro trabalhava já era, inclusive, reconhecida pelo homem. Em outra gravação divulgada nas redes sociais, é possível ver Jorge conversando com um homem sobre o tamanho das pegadas do animal. O visitante chega até insinuar que a onça poderia matá-lo.

“Vou mandar [o vídeo] para o Dão. A onça vai comer o Jorge, Dão!”, diz o colega da vítima. “Não vai comer, não!”, responde Jorge.

Morte e desaparecimento de Jorge
A PM começou as buscas pelo caseiro na segunda-feira (21), após um guia de pesca notar que ele havia desaparecido. O amigo disse à polícia que Jorge não estava no rancho e que, ao procurá-lo, encontrou manchas de sangue e pegadas de um animal de grande porte.

Nesta manhã, os agentes encontraram os restos mortais do idoso. Parte deles estavam em uma toca usada pela onça, a cerca de 300 metros do rancho onde Jorge trabalhava. Após o resgate, o corpo passou por uma perícia técnica no Núcleo Regional de Medicina Legal de Aquidauana, que constatou que o caseiro morreu devido ao ataque da onça.

As investigações consideram algumas hipóteses para o ataque, uma delas é que o animal teria avançado no homem devido à falta de alimento no local, ou ao comportamento defensivo da própria espécie. Além disso, a corporação também trabalha com a ideia de que o animal poderia estar em período reprodutivo, o que deixa machos mais agressivos.

Confira o vídeo
Rádio Itatiaia

Morre a segunda vítima do ovo de Páscoa envenenado no Maranhão

Foto Divulgação/Polícia Civil
Cinco dias após a morte de Luís Fernando Silva, 7 anos, em Imperatriz (MA), foi a óbito, nesta terça-feira (22), Evelyn Fernanda Rocha Silva, 13 anos, irmã mais velha do menino. 

Eles foram envenenados após comer um ovo de Páscoa com substâncias tóxicas, enviado à residência em que moravam de forma anônima. Mirian Lira, de 32 anos, mãe das vítimas, permanece internada, com quadro de saúde estável.

O chocolate envenenado foi enviado à casa da família, junto a um bilhete, sem identificação, que dizia: “Com amor, para Mirian Lira”. Os três comeram o doce, passaram mal e foram internados em estado grave. Luís Fernando, no entanto, não resistiu e morreu no mesmo dia, após chegar ao hospital.

O Hospital Municipal de Imperatriz, onde Evelyn estava internada desde 16 de abril, informou que a adolescente morreu devido a um choque vascular, associado com a falência de vários órgãos.

Com informações do Site Metrópole.

Operação Semana Santa e Tiradentes no Brasil registra 1.198 feridos e 86 mortes

Foto Divulgação/ PRF
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou, durante os cinco dias da Operação Semana Santa e Tiradentes 2025, 1.038 sinistros em rodovias federais brasileiras. As ocorrências resultaram em 1.198 pessoas feridas e 86 mortes. Santa Catarina (145), Minas Gerais (118) e Paraná (110) ocupam os primeiros lugares no ranking de sinistralidade. 

De acordo com balanço divulgado pela PRF nesta terça-feira (22), em Brasília, 57.062 infrações foram contabilizadas no período. Ao todo, 118 mil pessoas e 96 mil veículos foram fiscalizados em todo o país ao longo do feriado prolongado.

“As estatísticas da operação trazem o excesso de velocidade, as ultrapassagens indevidas, o não uso do cinto de segurança e a alcoolemia ao volante ainda como as condutas irregulares e perigosas mais cometidas pelos condutores no feriadão”, destacou a corporação em nota.

Ultrapassagens perigosas

Dentre as infrações figuram 4.875 ultrapassagens indevidas e 3.999 casos em que motoristas/passageiros deixaram de usar o cinto de segurança, além de 1.097 recusas ao teste do etilômetro, 158 constatações de consumo de álcool e 73 pessoas detidas por esse motivo.

Dados da PRF indicam, ainda, 61.687 imagens capturadas de veículos trafegando acima do limite de velocidade.

Com informações da Agência Brasil.

Irmãos têm 2 filhos e querem mudança de lei para poder casar

Ana e Daniel Parra são meios-irmãos e estão à frente de uma campanha para mudar a legislação espanhola que os impede de oficializar o casamento. O casal vive um relacionamento há vários anos e têm dois filhos: um de 5 anos e outro de 3. As informações foram publicadas ao jornal espanhol El Espanol. 

De acordo com a publicação, os dois são irmãos por parte de pai, mas cresceram afastados. O pai de Ana a abandonou quando ela ainda era criança, e ela ficou sem vê-lo durante décadas.

Quando completou 20 anos, Ana decidiu começar a procurar a família do pai pelas redes sociais. Inicialmente, ela usou um perfil falso, com um outro sobrenome, para não ser identificada. Na ocasião, o irmão, Daniel, tinha 17 anos. 

Posteriormente, Ana acabou contando quem era, e os dois combinaram de se conhecer pessoalmente. Ambos moravam na região de Barcelona, na Espanha. Ao jornal, ela contou que os dois se tornaram amigos e foram morar juntos. Ana contou, então, que durante uma festa os dois se beijaram, dando início ao relacionamento.  

“Nós choramos, nos abraçamos, lembre que nós vivíamos juntos. Imagina que você gosta de uma mulher, estão moral, te proíbem de estar com ela. Então, você tem maus momentos”, afirmou Daniel ao jornal.

Apesar do dilema, eles decidiram que iriam ficar juntos. A história ficou conhecida nacionalmente após os dois irem a um programa de TV, onde contaram que eram meios-irmãos e também um casal.

Dois filhos

O casal tem um filho de 5 anos e outro de 3 anos. Ao jornal, eles revelaram que foram ao hospital para saber os riscos envolvidos em ter filhos, já que são meios-irmãos. No entanto, eles decidiram seguir em frente e ter as crianças. No registro civil, os dois constam como pais das crianças.

O registro só se tornou possível devido a um caso de incesto que foi levado à Justiça na Espanha. Antes de 2012, os cartórios do país não permitiam que dois irmãos fossem registrados como pais. Nesta situação, a mãe era registrada como solteira e o pai como tio.

O incesto não é crime na Espanha desde 1978, mas o país não permite o registro de casamento de irmãos.

No final da entrevista, os dois criticaram a lei.“As sociedades devem avançar e não se ancorar em tradicionalismos. Os homossexuais também eram proibidos de se casar, e agora podem. Nós nos amamos e é isso oque deveria prevalecer, nós não fazemos mal a ninguém”, disse Ana.

Homem mata esposa a facadas após almoço de Páscoa

Na tarde do domingo de Páscoa (20), na cidade de Tailândia, no nordeste do Pará, Raimunda, uma mulher conhecida na comunidade, morreu enquanto celebrava o fim da Quaresma ao lado de seu companheiro, Jonh Clésio, na casa onde viviam. O casal, que mantinha um pequeno negócio de espetinhos, aproveitava o dia festivo com bebidas. Ela foi morta a facadas pelo próprio marido.

Em um acesso de fúria, Jonh Clésio dirigiu-se à cozinha e pegou a faca mais afiada que encontrou. Com crueldade, ele desferiu diversos golpes no pescoço de Raimunda, que não resistiu aos ferimentos. Após o crime, o suspeito fugiu, deixando para trás um cenário de horror. Vizinhos, que conheciam o casal, relataram que o homem já havia agredido Raimunda em outras ocasiões. Em um dos episódios, ele chegou a ser detido, mas a denúncia foi retirada pela vítima.
O corpo de Raimunda foi removido por uma funerária local e encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para exames.

Maior fábrica de vacinas do país segue parada após 16 anos e R$ 1,2 bilhão gastos

Anunciado em 2009 como o maior polo de vacinas da América Latina, o Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (Cibs), da Fiocruz, em Santa Cruz (RJ), ainda é um terreno com 46 fundações inacabadas e ocupado por bois e vacas. A obra já consumiu R$ 1,2 bilhão em recursos públicos e está paralisada há anos, sem previsão de conclusão. A estimativa atual da Fiocruz é que seriam necessários mais R$ 5,4 bilhões e quase quatro anos para concluir e colocar a fábrica em operação — o que só deve ocorrer a partir de 2028.

Entre os gastos, estão R$ 813 milhões em equipamentos industriais comprados em 2014 e armazenados desde 2018 num galpão alugado na Baixada Fluminense. A garantia desses equipamentos venceu, e o custo do aluguel do galpão já ultrapassou R$ 14 milhões.

Relatórios do TCU apontam erros na condução do projeto, inclusive a compra antecipada dos equipamentos antes da conclusão do projeto executivo. Três servidores da Bio-Manguinhos foram multados em R$ 50 mil cada.

O projeto, renomeado em 2020 e relançado durante a pandemia, tentou ser viabilizado via parceria com a iniciativa privada, no modelo “built to suit”, mas o consórcio contratado não conseguiu captar os recursos. A nova proposta é usar R$ 1,2 bilhão do PAC para atrair investidores. O modelo ainda está em análise no TCU.

Segundo o presidente da Fiocruz, a fundação discute com o Ministério da Saúde e a Casa Civil se o projeto seguirá em parceria ou será incorporado ao orçamento da União. Enquanto isso, o terreno segue sem utilidade, e o Brasil continua dependente de poucos centros para produção de vacinas.

Fonte: O Globo

Influente petista reclama da falta de transparência nos gastos com a Merenda escolar de Fortaleza e entrega ao Capitão Wagner, um relatório detalhada sobre o problema

Capitão Wagner recebe de líder petista de Fortaleza informações negativas sobre a Merenda Escolar distribuída pela gestão Evandro Leitão
Um influente petista de Fortaleza, entregou ao Capitão Wagner, na última terça-feira (15), um “Relatório Analítico Completo: Merenda Escolar Municipal de Fortaleza – Análise

Comparativa de Custos e Composição Nutricional (Janeiro-Abril 2025)”. Ele também encaminhou uma cópia para o Blog do Edison Silva. O documento é extenso, substancioso, com detalhes, inclusive de números, que deixam a atual administração da Educação de Fortaleza em situação de vulnerabilidade.

O documento começa afirmando: “Este relatório apresenta uma análise aprofundada do Programa de Alimentação Escolar (PAE) da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza durante os primeiros meses da gestão do Prefeito Evandro Leitão (PT), especificamente entre Fevereiro e Abril de 2025. O período foi marcado por denúncias públicas sobre a qualidade e quantidade da merenda, contrapostas por negativas oficiais.

A análise, baseada em cardápios oficiais, notícias e informações contextuais, revela uma redução comprovada e significativa nos custos planejados por aluno/dia na maioria das modalidades de ensino, com destaque para o Ensino Fundamental, que sofreu um corte superior a 30%. Embora a estrutura básica dos cardápios escritos pareça mantida, a drástica redução orçamentária torna altamente provável um impacto negativo na quantidade e/ou qualidade nutricional das refeições efetivamente servidas, conferindo plausibilidade às preocupações da comunidade escolar e do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Ceará (Sindiute).

A análise evidencia uma contradição central entre os dados orçamentários oficiais e as negativas da Secretaria Municipal de Educação (SME) sobre a precarização do serviço. A falta de transparência na comunicação oficial, que não aborda a redução de custos, e a ausência de informações detalhadas sobre gramaturas e composição exata das refeições fragilizam a confiança pública.

Recomenda-se transparência radical por parte da gestão municipal, incluindo a publicação de dados detalhados; uma investigação independente para apurar as denúncias e verificar a adequação nutricional; a reavaliação dos recursos destinados ao PAE para garantir o cumprimento das normas nutricionais; e o fortalecimento dos mecanismos de controle social, como o Conselho Municipal de Alimentação Escolar (CMAE). A garantia de uma alimentação escolar digna deve ser reafirmada como prioridade absoluta.
I. O Programa de Alimentação Escolar (PAE) de Fortaleza em Contexto

A gestão do PAE em Fortaleza é centralizada na Secretaria Municipal de Educação (SME), que atua como a Entidade Executora (EEx) responsável pela administração dos recursos e pela implementação do programa. Dentro da SME, a Célula de Alimentação Escolar (CEAE) desempenha um papel crucial no planejamento e elaboração dos cardápios. A legislação do PNAE exige a presença de Nutricionistas como Responsáveis Técnicos (RT), que são encarregados de planejar os cardápios de acordo com as necessidades nutricionais específicas de cada grupo de alunos, respeitando as diretrizes nacionais e promovendo a alimentação saudável e adequada.

Um componente vital da execução do PNAE é a aquisição de gêneros alimentícios, que deve seguir normativas específicas. A Lei nº 11.947/2009, em seu Artigo 14, determina que no mínimo 30% dos recursos financeiros repassados pelo FNDE devem ser utilizados na compra de produtos diretamente da agricultura familiar e de empreendedores familiares rurais. Essaexigência visa não apenas diversificar a  alimentação escolar com produtos frescos e regionais, mas também fortalecer a economia local e promover o desenvolvimento sustentável. Em Fortaleza, a aquisição junto à agricultura familiar é operacionalizada por meio de Chamadas Públicas , como a CP 008/2021 que licitou itens como biscoitos, iogurte, suco de frutas e pão. A interconexão entre o PAE e a agricultura familiar significa que decisões orçamentárias, como cortes de custos, podem ter efeitos que extrapolam a nutrição dos alunos. 

Uma pressão por redução de despesas pode levar à busca por fornecedores mais baratos, potencialmente fora do âmbito da agricultura familiar, ameaçando o cumprimento da meta de 30% e impactando negativamente os pequenos produtores locais e os objetivos de desenvolvimento socioeconômico associados ao programa.

Mudanças Documentadas no Início de 2025: Análise de Dados Oficiais

A. Redução Comprovada no Custo Planejado por Aluno A análise dos documentos oficiais emitidos pela própria Secretaria Municipal de Educação (SME) de Fortaleza, especificamente os cardápios mensais que incluem o “Custo/aluno/dia do Cardápio”, revela uma tendência inequívoca e factual de redução no investimento planejado por estudante entre os meses de Fevereiro e Abril de 2025. Esta constatação objetiva, derivada dos dados publicados pela administração municipal , forma a base central desta análise.

Uma análise qualitativa dos cardápios escritos publicados pela SME para Fevereiro, Março e Abril de 2025 permite identificar algumas tendências e limitações importantes. É crucial notar, contudo, que o acesso aos detalhes diários específicos das refeições (item por item, dia a dia) não foi possível através dos links fornecidos , limitando a profundidade desta avaliação
qualitativa.

Com base nas descrições gerais disponíveis, observa-se uma aparente variação na oferta de fontes proteicas, particularmente no Ensino Fundamental. Há indícios de uma menor frequência de carne bovina em pratos principais e uma maior presença de frango listada nos meses subsequentes a Fevereiro. Embora fontes proteicas (carne, frango, peixe, ovos) continuem a ser mencionadas nas refeições principais (almoço/jantar) das modalidades que as oferecem, a drástica redução de custo no Ensino Fundamental (de R$ 0,67 para R$ 0,46) levanta sérias dúvidas sobre a manutenção da quantidade (gramatura) e/ou da qualidade (tipo de corte, processamento) dessas proteínas por porção. A adequação a um orçamento tão reduzido torna altamente provável que ajustes tenham sido feitos nesses aspectos para viabilizar financeiramente o cardápio planejado, impactando diretamente o valor nutricional, especialmente para crianças e adolescentes em fase de crescimento.

Contexto Político e Prioridades Municipais

A controvérsia em torno da merenda escolar ocorreu nos primeiros cem dias da administração do Prefeito Evandro Leitão (PT), eleito com promessas de priorizar áreas sociais. A gestão manifestou compromissos com a educação, saúde e combate à fome, inclusive aderindo ao programa estadual Ceará Sem Fome e anunciando planos para universalizar a climatização nas escolas municipais.

Nesse contexto, a percepção de um retrocesso em um programa social tão essencial e simbólico como a alimentação escolar gera um ruído político significativo. Para um governo do Partido dos Trabalhadores, historicamente associado à defesa de políticas sociais e dos direitos dos trabalhadores, a garantia de uma merenda escolar digna e de qualidade deveria ser uma vitrine de gestão e um compromisso inegociável.

A situação observada, com cortes de custos e denúncias de precarização, contrasta com essa expectativa e alimenta críticas, inclusive da gestão anterior , sobre as reais prioridades e a capacidade de execução da nova administração. A forma como a Prefeitura lida com essa questão torna-se um teste de sua coerência programática e de sua capacidade de resposta às demandas sociais.

O Imperativo da Transparência e da Prestação de Contas

A gestão da crise da merenda escolar pela SME revelou falhas significativas em termos de transparência e comunicação com a sociedade. A principal delas foi a omissão em reconhecer e explicar a redução nos custos por aluno, um dado oficial e público. Ao invés de apresentar as razões para o corte orçamentário e detalhar como os padrões seriam mantidos (ou quais ajustes seriam feitos), a opção foi negar as consequências e rotular as reclamações como “fake news”. Essa abordagem não apenas falha em prestar contas sobre uma decisão administrativa com impacto direto na população, mas também mina a confiança pública na gestão. A transparência efetiva exigiria a divulgação proativa e detalhada de informações sobre o PAE. Isso inclui não apenas os cardápios genéricos, mas também as especificações completas:
● Gramatura planejada por porção para cada faixa etária e modalidade de ensino.
● Lista detalhada de ingredientes por preparação.
● Custos unitários e totais por refeição e por componente.
● Resultados de fiscalizações internas e externas (incluindo as do CMAE).
● Dados sobre a execução do orçamento do PAE.
Embora existam portais de transparência , a informação específica e detalhada sobre a execução da merenda escolar frequentemente não está acessível ou granularizada de forma útil para o controle social. A falta de transparência impede que cidadãos, conselheiros e órgãos de controle verifiquem as alegações oficiais e compreendam as decisões tomadas. Essa opacidade, combinada com a percepção de queda na qualidade de um serviço essencial, pode corroer o pacto social entre a administração e os cidadãos, gerando cinismo e desconfiança, especialmente entre as famílias que mais dependem do programa.

Blog do Edison Silva