quinta-feira, 8 de maio de 2025

China usa drones para provocar chuva em região desértica com tecnologia inovadora

Na remota e seca região de Xinjiang, no oeste da China, um novo experimento conduzido pela Administração Meteorológica da China (CMA) demonstrou o potencial da engenharia climática com o uso de drones. A operação conseguiu provocar uma chuva equivalente a 30 piscinas olímpicas ao liberar apenas 1 kg de iodeto de prata na atmosfera. A iniciativa representa um passo significativo na tentativa de combater a escassez de água em áreas áridas do país.

O processo envolveu o sobrevoo de uma área de 8.000 km² — comparável ao território da Córsega — com drones equipados para semear nuvens. Os dispositivos liberaram o iodeto de prata em forma de fumaça a uma altitude de 5.500 metros, sobre as pastagens de Bayanbulak. As medições apontam que o diâmetro médio das gotas de chuva aumentou de 0,46 mm para 3,22 mm, indicando um aumento de 4% na precipitação local, totalizando cerca de 78.200 metros cúbicos de água.

Essa operação faz parte de um sistema mais amplo, implantado desde 2021, que integra satélites, 24 estações meteorológicas automatizadas e uma frota de drones, formando uma rede de modificação climática tridimensional. O modelo permite realizar intervenções ao longo de todas as estações do ano, oferecendo precisão e alcance em larga escala, além de segurança operacional.

Apesar dos avanços, o experimento reacende debates sobre os possíveis impactos ambientais da manipulação climática. Especialistas destacam que, embora a tecnologia seja promissora para regiões ameaçadas pela desertificação, ainda existem incertezas sobre os efeitos colaterais e a viabilidade do uso contínuo dessas técnicas. Há preocupações, por exemplo, sobre o equilíbrio hídrico regional e possíveis interferências em ecossistemas locais.

Ainda assim, a iniciativa chinesa representa um marco na busca por soluções artificiais diante das mudanças climáticas globais. A capacidade de gerar chuva sob demanda em regiões críticas pode transformar a gestão de recursos hídricos, embora dependa de mais estudos e regulamentações. A experiência em Xinjiang mostra que, mesmo diante de desafios, a tecnologia já começa a ocupar o espaço onde a natureza tem falhado.

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