Um município de 18 mil habitantes no sertão cearense tem atraído interesse do mercado de carros elétricos e outros setores da indústria de alta tecnologia. É a cidade de Solonópole, na microrregião do sertão de Senador Pompeu, que tem uma das maiores reservas de lítio do Brasil.
O lítio é um mineral que se tornou estratégico nos últimos anos por compor a bateria de veículos elétricos e híbridos e soluções de armazenamento de energia renovável.
A Subprovíncia Pegmatítica de Solonópole foi inserida na terceira fase do projeto federal de Avaliação do Potencial do Lítio no Brasil. A onda de mineração na cidade, entretanto, tem riscos socioambientais.
O Brasil tem a quinta maior reserva mundial de lítio e pode saltar de 2% para 25% da produção global do mineral nos próximos anos. O Ministério de Minas e Energia estima que os investimentos para a produção do mineral no Brasil vão atingir R$ 15 bilhões até 2030.
Um levantamento do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) aponta que há 3.749 processos de pesquisas para exploração de lítio no Brasil - 573 destes baseados no Ceará.
“Você tem 519 empresas pesquisando o lítio no subsolo brasileiro e o Ceará é o segundo estado com o maior número de processos. São mais de cem empresas pesquisando o lítio no estado, com concentração muito grande no Sertão Central, mas também espalhado regionalmente em outros lugares”, explica Pedro D'Andrea, diretor nacional do MAM.
Não há clareza da real capacidade de minério presente em solo cearense. Pedro destaca que a extração do mineral está ainda no processo de especulação, caracterizado pelo expressivo aumento da demanda no mercado internacional.
“A estimativa da capacidade de lítio em Solonópole fica mais restrita às empresas que fazem avaliação para prospecção. É uma região que concentra bastante pesquisa, considerando a demanda mundial por lítio. O processo é jogar o preço do minério para cima, aumentando a demanda pelo minério”, avalia.
Diante do desconhecimento da capacidade brasileira e cearense, se torna necessária uma fiscalização atenta do processo, destaca.
“Há necessidade de maior fiscalização e transparência em todas as etapas do processo mineral ativo. Precisamos ter segurança de que essas empresas que solicitam pesquisar, por exemplo, calcário e encontram lítio nesse calcário, elas avisem, notifiquem a Agência Nacional de Mineração”, afirma.
Com informações do Diário do Nordeste.