As facções criminosas expandiram seus tentáculos para mais uma atividade econômica no Ceará. Elas tomaram o controle e disputam pontos de casas de apostas esportivas e de jogo do bicho, em Fortaleza e no Interior do Estado. No fim de julho último, uma operação deflagrada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público prendeu sete suspeitos de participar do esquema criminoso, em dois municípios.
Mas uma fonte da Polícia ligada à investigação do crime organizado e um proprietário de uma casa de apostas, ouvidos pela reportagem sob anonimato, confirmaram que o esquema criminoso se espalha por todo o Ceará.
O jogo do bicho foi praticado nos municípios cearenses por décadas ilegalmente, como uma contravenção penal, mas foi autorizado por uma lei estadual em 2019 e reforçado por uma decisão da Justiça Estadual, em 2021.
Devido a legalidade e o crescimento dos negócios, uma facção criminosa de origem carioca, instalada no Ceará, viu no mercado uma possibilidade de lucrar e obrigou que os estabelecimentos pagassem uma cota para funcionar em territórios dominados pelo grupo. Nem todas as empresas aderiram, e apenas duas foram autorizada a continuarem os trabalhos.
OUTRAS FACÇÕES TAMBÉM ENTRAM NO RAMO
Em razão do sucesso financeiro obtido pela facção carioca, pelo menos outras duas organizações criminosas - nascidas no Ceará - também decidiram entrar no ramo, a partir de extorsões realizadas nas áreas em que já dominavam o tráfico de drogas, neste ano.
"As facções criminosas seguem as tendências de mercado. Quando alguém que cria um negócio que dá certo, vão aparecer concorrentes. No crime, não é diferente", afirma um investigador do crime organizado no Estado.
Proprietários de casas de apostas e do jogo bicho, que não tinham cedido à primeira facção, ficaram sem saída. Pelo menos oito empresas criaram a Cooperativa Cearense de Jogos (com o lema "Unidos somos mais fortes), controlada por uma facção cearense.
"Onde era a facção carioca, perdemos tudo. Onde era a facção cearense, fizemos o acordo. Tivemos que fazer, fomos coagidos, não tivemos saída. Já trabalhamos com isso há décadas. Perdemos muito dinheiro", conta o vendedor.
Diário do Nordeste