Oi pai! Penso que você cansou das tragédias que invadem seu celular. Que você está assustado com a violência que não para de crescer. E que você quer ler coisas novas, que ensejem esperança e ajudem a cicatrizar suas feridas.
Por isso hoje eu vou ignorar a crueldade das ruas, o cinismo dos políticos e falar de nós. De você homem-pai. Penso que, como eu, você um dia pensou em mudar o mundo, ser protagonista de uma história de redenção, de reencontro com a paz que pode ser compartilhada, com a verdade que não deve e nem pode ser substituída, da solidariedade que aproxima as pessoas. Um mundo possível, mas que fracassamos ao buscá-lo e o tornamos distante.
E, certos ou errados, transferimos para os nossos filhos a responsabilidade de entrar nas batalhas que não travamos, ou vingar nossas derrotas… Depositamos neles a expectativa de mudar a história, de transformar o mundo, de conquistar o que não conseguimos. Mas ao esperar tanto deles, ao depositar neles nossas expectativas, a continuidade de nossos sonhos cometemos os mesmos erros que nos levaram ao fracasso.
Mandamos demais, interferimos demais, apontamos caminhos pelos quais trilhamos sem sucesso. Somos tudo para eles - menos amigos, menos parceiros, menos estrategistas de uma batalha que eles de certa forma já estão travando, porque a vida é uma batalha.
Entrei nesse tema porque daqui a uma semana será comemorado o dia dos pais, que na verdade é somente um meio para lembrar que existimos, que somos responsáveis pelos filhos que temos.
Mas é um dia para lembramos também que nossos filhos precisam conquistar os sonhos deles para depois realizar os nossos.
Por Raimundo de Holanda