quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Aumento de casos de bruxismo estão diretamente ligados aos de ansiedade; conheça sintomas e tratamento

Após a pandemia, casos de bruxismo têm crescido em todo mundo, assim como os de ansiedade. Especialista explica que o paralelo não é coincidência e que o diagnóstico é fundamental para descartar outros males

Que a saúde mental influencia na saúde física, isso não é novidade. E os efeitos podem ser sentidos também na saúde bucal. O diagnóstico de bruxismo, transtorno em que o paciente aperta os dentes durante o sono, tem crescido consideravelmente no mundo inteiro após a pandemia da covid-19, quando cresceu também o número de pessoas com ansiedade.

De acordo com a odontóloga Natália Lucena, o paralelo não é coincidência, pois as condições impostas pela crise sanitária desencadeiam estresse emocional. “O bruxismo cresceu durante a pandemia devido ao fato de que pessoas com estresse veem na condição inconsciente de ranger os dentes uma maneira de liberar as tensões geradas pela ansiedade”, explica.

Apertar, deslizar ou bater os dentes é um movimento involuntário que pode acontecer durante o sono ou mesmo quando se está acordado. Muitas vezes, o bruxismo só é identificável por quem presenciou o paciente dormindo ou quando se procura assistência médica ou odontológica porque os sintomas já se instalaram. São eles dor de cabeça, dor e zumbido no ouvido, dor no pescoço, sensação de cansaço nos músculos da face, estalos ao abrir e fechar a boca, e o mais evidente: dentes amolecidos ou desgastados nas pontas. Acredita-se que vários fatores, inclusive hereditários e genéticos, possam provocar o distúrbio, mas quem sofre de ansiedade e estresse seria mais propenso.

Um estudo feito por cientistas da Polônia e de Israel, publicado no periódico científico Journal of Clinical Medicine, apontou para o agravamento de casos de bruxismo durante o período de isolamento social. Os fatores psicossociais, como ansiedade, depressão, medo de ser contaminado ou preocupações financeiras aumentaram a prevalência do bruxismo nos grupos testados.

Natália ainda afirma que o diagnóstico de bruxismo precisa ser específico para não ser confundido com outros males. “O bruxismo pode ser diagnosticado após uma avaliação criteriosa do paciente pelo dentista, descartando outros problemas que podem ter os mesmos sintomas, como enxaqueca e problemas no ouvido”, aponta a também especialista em prótese dentária. Ela ainda destaca que pacientes com fibromialgia, uma doença reumatológica psicossomática que afeta a musculatura causando dor, devem investigar se possuem bruxismo, já que os sintomas são bem parecidos.

Até o momento, não existe cura para o bruxismo, e sim o controle. Um dos tratamentos mais recomendados por especialistas é a placa oclusal, que diminui a ação muscular e relaxa os músculos da face. “Ela ajuda também na proteção dos dentes, evitando possíveis desgastes e fraturas”, diz.

E para combater a fonte do estresse, ela recomenda acompanhamento psicológico aos pacientes diagnosticados com bruxismo. “Terapias com psicólogos, medicações prescritas pelo psiquiatra e fisioterapia na região da ATM podem ser necessárias diante da condição do paciente”, afirma. Recomenda-se introduzir atividades prazerosas na rotina diária, reduzir sobrecarga de tarefas do dia a dia, buscar terapias complementares, tais como acupuntura e meditação, e evitar dormir de luz acesa, assim como restringir o uso de smartphones antes de dormir.

Sâmya Mesquita 

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