sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Uso incorreto de remédios traz risco para crianças

Os riscos da automedicação são constantemente abordados por profissionais de saúde e empresas farmacêuticas, mesmo assim, em 2022, a Pesquisa de Automedicação, realizada pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ), apontou que 89% da população brasileira admite se automedicar. Entre os principais remédios utilizados sem prescrição aparecem analgésicos, antigripais e relaxantes musculares.

Se este já é um problema grave quando atestado entre os adultos, quando a situação é analisada nas crianças, que recebem tais medicamentos sem prescrição dos próprios responsáveis, pode representar riscos ainda maiores. “A quantidade de água no corpo, pode variar até 75%, em recém nascido à termo, ou seja, a criança que nasce no período normal de gestação. Já nos bebês prematuros, esse volume de água no corpo é de 90%. Esse líquido no corpo no primeiro ano de vida, começa a diminuir e vai interferir nas medicações que são hidrossolúveis, ou seja, que só se solubilizam com água”, exemplifica a coordenadora do curso de Farmácia da Estácio Ceará, Patrícia Quirino.

De acordo com ela, todo e qualquer medicamento pode gerar problemas como a falta de tratamento adequado, até a ocorrência de efeitos adversos. “Há medicamentos isentos de prescrição médica, mas não da orientação. A orientação é uma obrigação de cada farmácia. A população desconhece e pega um medicamento acreditando que não vai ter nenhum problema de saúde, mas, até um paracetamol tem uma dose tóxica que não pode ser utilizada”, explica.

A farmacêutica chama atenção, inclusive, para a possibilidade de intoxicação acidental de crianças. “Muitos medicamentos são coloridos e adocicados, o que pode atrair a atenção da criança, que pode fazer seu uso quando um responsável não estiver presente. Além disso, muitos adultos oferecem medicamentos para crianças dizendo tratar-se de balas, o que pode fazê-las pensarem que é algo inofensivo e que pode ser consumido sem nenhum problema”, relata.

Por isso, a Patricia Quirino aconselha que as famílias guardem medicamentos longe do alcance dos pequenos. “Até um soro caseiro pode ser tóxico para uma criança. A gente tem que ter muita atenção onde guardamos esses medicamentos. Em Fortaleza, temos o CEATOX que também atende os intoxicados. Se acontecer, você pode procurar o IJF”, sugere.

Nesse contexto, diferentes medicamentos podem provocar diversos sinais de intoxicação, desde a insônia da criança, à sonolência extrema ou ainda, dores pelo corpo. “São vários sinais de intoxicação. Às vezes é difícil identificar os sintomas, em um bebê, por exemplo, pode ser o choro”, alerta a especialista.

Dentro do contexto dos efeitos adversos, Quirino afirma que a automedicação é um risco também para adultos. “O medicamento entra no corpo e tem um trajeto dentro dele, depois, precisa ser eliminado. Se a pessoa tem um problema renal, por exemplo, ou hepático, então é necessária uma atenção redobrada porque o problema renal pode evitar que a pessoa elimine o medicamento. Então, o efeito tóxico do medicamento pode durar por mais tempo”, detalha.

Por Yasmim Rodrigues - O Estado

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