A dívida de R$ 41,2 bilhões da Americanas atinge, além de bancos, instituições financeiras e fornecedores em geral, até mesmo entes públicos. No Ceará, dos R$ 28 milhões em débitos com credores locais, mais de R$ 68 mil são com prefeituras.
A lista de credores divulgada pela Americanas não discrimina a natureza das dívidas detalhadas, especialistas apontam que muito provavelmente esses valores em aberto com prefeituras sejam relativos ao não pagamento de impostos, como IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e ISS (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza).
A Americanas possui dívida ativa com 11 municípios cearenses, incluindo Fortaleza, Juazeiro do Norte, Aracati e Jijoca de Jericoacoara.
A lista completa conta ainda conta com 18 pessoas físicas, com dívidas que chegam a até R$ 48.024,60.
Há 5 credores cearenses com dívidas abaixo de R$ 100. É o caso da empresa de informática Maquilar, que deve receber R$ 20 da varejista.
O economista Alex Araújo avalia que dívidas com municípios, especialmente do Interior, onde a atividade econômica é menos aquecida, gera impacto significativo, mesmo que os valores não sejam tão altos.
"Como a população é concentrada em poucas cidades, poucos municípios conseguem ter autonomia tributária, porque o volume de arrecadação é baixo. Então, qualquer volume de arrecadação própria é muito importante, porque é através deles que os municípios conseguem realizar suas ações", ressalta.
O conselheiro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon), Ricardo Eleutério, reforça que a maior probabilidade é de que os valores sejam referentes a tributos.
Ele pontua que, além da dívida já existente, a longo prazo, os municípios terão prejuízo significativo caso o fechamento das lojas da Americanas se concretize, pois deixarão de arrecadar esses tributos.
"Se você tiver uma descontinuidade dessa empresa, você pode ter ao longo do tempo algum tipo de redução de arrecadação da empresa", alerta.
A "boa notícia" - se é que é possível ter alguma nesse cenário - é que dívidas tributárias, assim como as trabalhistas, são prioridade de pagamento em processos de recuperação judicial.
Diário do Nordeste