A dengue é uma doença bastante conhecida pela população cearense. Introduzida na década de 1980, ela tem quatro sorotipos, ou seja, pode causar quatro manifestações diferentes em cada indivíduo. Um deles, o tipo 3, tem deixado a comunidade científica do Brasil em vigilância para uma possível nova epidemia em 2023.
Isso pode ocorrer pela baixa imunidade da população, uma vez que poucas pessoas contraíram essa forma do vírus desde as últimas epidemias registradas, no começo dos anos 2000. Além disso, há risco para dengue grave, que ocorre com mais frequência em pessoas que já tiveram a doença e são infectadas novamente, por outro sorotipo.
A circulação dos vírus da dengue (Denv) no Brasil foi comprovada em 1982, com o isolamento dos sorotipos Denv-1 e Denv-4 na cidade de Boa Vista, Roraima. Este mesmo Estado preocupa em 2023 pela descoberta de três casos do Denv-3, pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em maio, provocando um alerta nacional.
A primeira epidemia da dengue no país ocorreu em 1986, quando a doença se disseminou pelo Brasil com registro de casos em diversos estados, incluindo o Ceará.
No ano seguinte, o Estado enfrentou sua primeira epidemia causada pelo Denv-1. Desde então, houve registro de mais seis grandes epidemias em 1994, 2001, 2008, 2011, 2012 e 2015, segundo boletim da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa).
Conforme a publicação, o Denv-3 foi identificado pela primeira vez no Ceará em 2002, sendo isolado com frequência em anos seguintes.
Porém, a Fiocruz chama atenção que a linhagem detectada do sorotipo 3 não é a mesma que causou epidemias no Brasil nesse período, mas uma nova proveniente da Ásia que está circulando na América Central e também infectou pessoas nos Estados Unidos.
POPULAÇÃO MAIS VULNERÁVEL
O epidemiologista Luciano Pamplona, superintendente da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP), explica o cenário de preocupação com o retorno desse sorotipo:
“Temos 15 anos sem circulação importante do Denv-3, então todo mundo com menos de 15 anos está suscetível a ele. A gente tem a chance de que a população que já pegou dengue 2 pegue pela segunda vez, então você tem um cenário de maior possibilidade de gravidade de dengue pediátrica”, relata.
Segundo o especialista, o tipo 3 não é mais ou menos grave, mas a combinação de fatores pode gerar casos mais complicados.
O médico infectologista Ivo Castelo Branco, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), complementa que o Denv-3 é incerto e “pode causar as formas sem sintomas, com sintomas, clássicas ou graves”.
Com informações do Diário do Nordeste.