quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Viúvo cearense de 92 anos aprende a costurar panos de prato sozinho para lembrar da esposa

Foto Thiago Gadelha
“Não sou eu que costuro, é ela”, diz Manuel Vieira da Costa ao olhar para os panos de prato que acabou de finalizar. Tem 92 anos de idade. Aprendeu sozinho o ofício quando a esposa faleceu, em 2021, vítima da Covid-19. Desde a data, encontra abrigo nas linhas e agulhas para perpetuar um legado de amor e não deixar a pessoa querida ir embora.

Encontra Joana Costa em cada paninho. A produção é diária. Basta o sol despontar na casa de número 26, no Passaré, para senhor Néo, como é chamado, sentar em frente à máquina de costura e iniciar a lida. Entre um sorriso e uma lágrima – vez ou outra, chora de saudade – desliza no tecido as mãos tingidas pelo tempo e encontra força para continuar.

O resultado são centenas e centenas de panos de prato, distribuídos tanto em acervo para venda, mantido no próprio lar, quanto na cozinha das pessoas que já adquiriram os produtos. Gente que há muito ultrapassou o contexto familiar. A partir de um perfil criado nas redes sociais, os paninhos estão até em outros países e alcançam cada vez mais públicos.

“A minha esposa fazia esses panos de prato por prazer e pra vender somente para a família. Eu olhava e dizia: ‘Isso pra mim não dá, não’. E ela: ‘Dá, meu filho’. Quando ela faleceu, eu ficava só chorando nos cantos, pensando no que iria fazer da minha vida. Aí Deus deu um toque no meu coração para eu acordar. Quando ouvi, foi uma voz dizendo assim: ‘Vá fazer os paninhos de prato que a sua esposa fazia’. Eu não sabia costurar. Hoje faço tudo”.

O relato é dito em prosa clara e limpa. Senhor Néo parece garoto. Acorda cedo para iniciar as atividades, e só para na hora do almoço. Passado o descanso após a refeição, ele finaliza o que tem para terminar. Deposita criatividade em cada processo – do corte do tecido ao acabamento. Se a estampa for em tons de vermelho, por exemplo, as bordas do pano serão da mesma cor. “É pra celebrar o amor da cozinha, o prazer da dona de casa”.

Com informações do Diário do Nordeste.

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