segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Com 400 casos por ano, câncer infantil tem tratamento concentrado em apenas 3 cidades do Ceará

Foto Helene Santos
Já faz um ano desde que Henrique, 12, e a mãe, Jeane Barbosa, 39, mudaram de Missão Velha a Fortaleza, distantes mais de 500 km, para o menino conseguir viver. Era na capital onde conseguiriam o tratamento para o diagnóstico duro que chegou no mês das crianças de 2022: o câncer de cabeça e pescoço.

Causando sangramentos, dor de cabeça e entupimento do nariz, o carcinoma chegou a ser confundido por pediatras com “uma rinite forte”. “Os medicamentos não faziam efeito. Levei numa otorrino particular, ela pediu tomografia e viu”, relata Jeane, que precisou ir com o filho a Juazeiro do Norte para conseguir o exame.

Henrique integra as 411 crianças e adolescentes que foram diagnosticadas com a doença no Ceará em 2022.

Já em 2023, até o último dia 15, o Estado soma 239 casos de câncer entre pessoas de 0 a 17 anos. Os dados são do Sistema de Informações de Câncer (Siscan), disponibilizados pelo Ministério da Saúde e coletados pelo Diário do Nordeste.

Mais de 90% dos pequenos cearenses com câncer neste ano receberam diagnóstico em Fortaleza. Os municípios de Barbalha e Crato, na Região do Cariri; e Sobral, na Região Norte, completam a lista de localidades às quais os pacientes recorrem para identificar a doença.

A capital concentra não apenas o “pré”, mas o “pós”: dos 239 meninos e meninas em quem o câncer foi identificado em 2023, apenas 122 estão com tratamento em andamento na rede pública. Do total, 116 em Fortaleza, a maioria no Hospital Infantil Albert Sabin (HIAS).

Vindo da cidade de Brejo Santo, na divisa entre Ceará e Pernambuco, Kildary, 11, está entre os pacientes em tratamento no HIAS. O Linfoma Não-Hodgkin só foi identificado após a 3ª ida ao médico, em outubro de 2022, quando foi pedido um raio-x para entender os vômitos frequentes do garoto.

Nas duas primeiras idas, foi receitado apenas medicamento para as náuseas, que vinham acompanhadas de “muito sono e cansaço”, como lembra a mãe de Kildary, Fernanda Ferreira, 28. “Deu uma alteração no exame, aí o hospital encaminhou ele pra Fortaleza. Foi intubado, fez hemodiálise… Mas hoje está bem”, garante.

Fonte Diário do Nordeste.

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