Recebendo uma média de R$ 2.071 por mês em 2024, os trabalhadores do Ceará têm a segunda pior média de salários no Brasil e ficam abaixo da média nacional de rendimento.
O Ceará fica atrás inclusive de estados economicamente menos desenvolvidos, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, do IBGE.
Nesta reportagem, o g1 conversou com pesquisadores e especialistas para entender o motivo de os trabalhadores cearenses terem a segunda pior remuneração do país.
Segundo a pesquisa, o rendimento real habitual do brasileiro é de R$ 3.225 por mês, com um aumento de 3,7% em relação ao estimado em 2023.
O Ceará está entre os 18 estados que ficam abaixo dessa média. E amarga o segundo pior rendimento do país, ficando à frente apenas do Maranhão, que aparece com rendimento médio de R$ 2.049.
Os valores usados na reportagem são referentes ao rendimento médio real (descontada a inflação) recebido habitualmente pelas pessoas ocupadas por todos os trabalhos que elas tinham na semana de referência da pesquisa.
A desigualdade educacional e a alta taxa de informalidade são fatores que ajudam a explicar esse cenário, conforme João Mário de França, professor do programa de Pós-Graduação em Economia na Universidade Federal (UFC) e pesquisador do Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste, vinculado ao FGV IBRE.
Ao analisar o ranking dos rendimentos no país, o pesquisador aponta que os estados do Norte e Nordeste ocupam as últimas posições e historicamente têm menor dinamismo econômico e piores resultados em níveis de escolaridade em relação às demais regiões.
Como explica, cerca de 41% da população acima dos 25 anos no Ceará não concluiu o Ensino Fundamental. Os dados são da PNAD Contínua da Educação, referentes a 2023. Esta defasagem dificulta a inserção no mercado de trabalho formal e nos cargos com melhores remunerações.
“A gente sabe que o Ceará está fazendo todo um esforço, nas últimas duas décadas, pelo menos, de melhorar a educação fundamental, o ensino médio, tem um avanço nas escolas em tempo integral, nas escolas profissionais. Mas como esse esforço é de 15 anos para cá, mais ou menos, você ainda tem muita gente que está no mercado de trabalho e que não se beneficiou dessa melhoria educacional”, pontua João Mário de França.
Com informações do G1 Ceará