sábado, 11 de março de 2023

'Velhofobia': saiba o que é etarismo e como o preconceito aparece no dia a dia

"Você está velho para isso; isso é coisa de velho; é um velho gaga; velho não tem que usar esse tipo de roupa". Pode ser que em algum momento você já tenha usado ou se deparado com alguma dessas expressões. Essas frases são classificadas como etarismo.

Mirian Goldenberg, antropóloga e pesquisadora há mais de 30 anos do tema envelhecimento e felicidade, explica que etarismo é a discriminação e o preconceito – podendo resultar em violência verbal, física ou psicológica – relacionado com a idade de uma pessoa.

''Quando a pessoa atinge uma certa idade, a sociedade, como um todo, começa a enxerga-la como frágil, que não serve mais. É preciso mudar a mentalidade", diz Mirian Goldenberg.

Na última semana, deputados distritais de Brasília aprovaram a mudança na imagem que representa pessoas idosas na demarcação de vagas de estacionamento, filas preferenciais, assentos e outros serviços, onde quem pessoas acima de 60 anos têm prioridade por lei. Na ilustração proposta pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Legislativa do DF (CLDF), a figura do idoso curvado e de bengala é substituída por outra, onde ele aparece caminhando, com a descrição "60+"

Para Mirian Goldenberg, a sociedade acredita que a vida do idoso "não vale de nada", uma vez que só se valoriza aquilo que é jovem, produtivo e bonito. Em suas palavras, Mirian acredita que vivemos uma sociedade "velho fóbica" o que reflete na falta de políticas públicas e cuidados com os idosos.

Dentro de casa

Uma pesquisa de 2019, do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE), apontou que a população entre 60 e 64 anos é a mais afetada pela depressão, que atinge 13,2% dos idosos do Brasil. Para Mirian Goldenberg, esse índice pode ser justificado pela "extrema proteção" – ou pelo abandono –vindo da família que, muitas vezes, também comete abusos psicológicos, físicos e financeiros.

''A extrema proteção dos filhos pode ser prejudicial à vida do idoso, que começa a sentir que está perdendo a autonomia'', diz Mirian.

A pesquisadora explica que 50% da violência contra os mais velhos é praticada pelos filhos e 10% pelos netos. ''É um preconceito praticamente invisível e não é falado.

G1

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