segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Chacina do Curió: mais oito policiais vão a julgamento nesta terça-feira (12)

Foto: Amanda Sobreira
Primeiro julgamento da Chacina resultou na condenação de quatro PMs a penas que, somadas, ultrapassaram 1.100 anos de prisão
O terceiro julgamento relacionado ao caso da Chacina do Curió inicia nesta terça-feira (12). Oito policiais militares estarão no banco dos réus, enfrentando acusações que envolvem 11 homicídios, três tentativas de homicídio e quatro crimes de tortura. Os crimes ocorreram entre os dias 11 e 12 de novembro de 2015, na região da Grande Messejana, em Fortaleza.

O primeiro julgamento da Chacina, realizado em junho deste ano, resultou na condenação de quatro PMs a penas que, somadas, ultrapassaram 1.100 anos de prisão. Já no segundo julgamento, concluído na última quarta-feira (6), oito militares foram absolvidos pelo júri popular.

No segundo julgamento, que durou mais de 100 horas, oito policiais militares foram absolvidos das acusações relacionadas às mortes de 11 pessoas na ação que ficou conhecida como Chacina do Curió, ocorrida em 2015, na periferia de Fortaleza, na região da Grande Messejana.

No mesmo dia em que o júri emitiu sua decisão, o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) recorreu da decisão do Conselho de Sentença que absolveu os oito policiais. O MPCE contesta a decisão e solicita a realização de um novo júri.

“O Ministério Público não se conforma com o julgamento neste segundo momento e vai apresentar suas razões, seus argumentos jurídicos e a sua análise de prova para tentar demonstrar para o Tribunal de Justiça que o julgamento deveria ter tido outro resultado”, disse o procurador-geral de Justiça, Manuel Pinheiro.

A promotora de Justiça Alice Iracema explicou que a sentença contraria as provas constantes nos autos do processo.

“Os jurados tiveram a oportunidade de apreciar toda essa prova, mas o Ministério Público entende que os jurados aceitaram aquele modelo de atitude apresentado no júri, representando a sociedade, e respeitamos a decisão, mas o MP entende que a sociedade não merece aquele comportamento de policiais militares, por isso interpusemos recurso”, afirmou.

Os oito acusados foram absolvidos dos crimes de homicídio por omissão imprópria, referente a 11 vítimas executadas, e tentativa de homicídio por omissão imprópria, em relação às três vítimas lesionadas, mas que sobreviveram.

Julgamento da Chacina do Curió
O primeiro julgamento da Chacina do Curió terminou na madrugada do último dia 25 de junho com a condenação de quatro policiais militares. São eles: Antônio José de Abreu Vidal Filho, Marcus Vinícius Sousa da Costa, Wellington Veras Chagas e Ideraldo Amâncio pelo cometimento de 11 homicídios qualificados consumados, três homicídios qualificados na forma tentada, três crimes de tortura física e um de tortura mental. O julgamento, considerado um dos maiores do estado, durou cinco dias.

“Essa vitória é da nossa periferia, é do nosso povo periférico, é dos nossos jovens. É libertar os jovens das mortes”, afirmou Edna Carla Souza Cavalcante, mãe de Álef Souza Cavalcante, uma das vítimas, após o resultado do primeiro julgamento.

As penas dos quatro réus somaram 1.103 anos e 8 meses de reclusão, com regime inicial de cumprimento fechado. O Poder Judiciário determinou a imediata prisão provisória de todos os condenados e a perda do cargo público de policial militar.

Quem eram as vítimas?
Álef Souza Cavalcante, 17 anos
Antônio Alisson Inácio Cardoso, 16 anos
Francisco Elenildo Pereira Chagas, 40 anos
Jardel Lima dos Santos, 17 anos
Jandson Alexandre de Sousa, 19 anos
José Gilvan Pinto Barbosa, 41 anos
Marcelo da Silva Mendes, 17 anos
Patrício João Pinho Leite, 16 anos
Pedro Alcântara Barroso do Nascimento Filho, 18 anos
Renayson Girão da Silva, 17 anos
Valmir Ferreira da Conceição, 37 anos.

GCMais

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