segunda-feira, 12 de maio de 2025

Pesquisa revela que adolescentes carecem de apoio emocional para lidar com redes sociais

Uma pesquisa realizada em abril mostrou que 90% dos brasileiros com acesso à internet acreditam que adolescentes não têm o suporte emocional e social necessário para enfrentar os desafios do ambiente digital, especialmente nas redes sociais. O levantamento ouviu mil pessoas com 18 anos ou mais, de todas as regiões e classes sociais do país, com margem de erro de 3 pontos percentuais.

De acordo com o estudo, 70% dos entrevistados defendem a presença de psicólogos nas escolas como medida essencial para melhorar esse cenário. O levantamento foi conduzido pelo Porto Digital, em parceria com a empresa de pesquisa Offerwise, motivado pela repercussão do seriado Adolescência, da Netflix, que aborda os impactos do mundo digital na juventude.

Desafios para a saúde mental

Os principais problemas apontados como ameaças à saúde mental dos jovens são:
  • Bullying e violência escolar (57%)
  • Depressão e ansiedade (48%)
  • Pressão estética (32%)
Para Pierre Lucena, presidente do Porto Digital, o debate sobre redes sociais deve ir além da inovação tecnológica. “É preciso humanizar a tecnologia e colocá-la a serviço da transformação social”, defendeu.

Pais supervisionam menos os adolescentes

A pesquisa também mostrou que, embora o controle do tempo de tela ainda seja comum entre crianças de até 12 anos, esse acompanhamento diminui entre os adolescentes de 13 a 17 anos. Apenas 20% dos pais afirmam que pretendem usar ferramentas de controle no futuro.

Julio Calil, diretor-geral da Offerwise, alerta para a necessidade de criar espaços de acolhimento e orientação nas escolas e em casa: “O esforço deve ser coletivo, envolvendo pais, professores e a sociedade”.

Falta de regulação agrava o problema

O estudo também chama atenção para o papel das plataformas digitais. Recentemente, redes sociais reduziram sua moderação de conteúdo, dificultando a remoção de postagens prejudiciais. Para o psicólogo Luciano Meira, da UFPE, a medida favorece interesses comerciais e amplia a exposição de jovens a discursos de ódio e desinformação.

Enquanto isso, no Supremo Tribunal Federal, está em julgamento a constitucionalidade do Artigo 19 do Marco Civil da Internet. Também tramita no Congresso o PL das Fake News, que busca responsabilizar legalmente as plataformas pelos conteúdos nocivos.

Diálogo e confiança: os principais caminhos

Para Meira, a solução passa pela construção de laços de confiança entre pais, filhos e educadores. “Não adianta proibir redes sociais de forma autoritária. É preciso diálogo e participação”, afirma. Ele defende ainda o uso de softwares de monitoramento e a criação de regras claras para o uso da internet.

Por fim, o professor reforça a importância de equilibrar o mundo online e offline. “O retorno a interações presenciais, como a proibição do uso de celulares nas escolas, pode ajudar os jovens a construir relações mais sólidas fora das telas”, conclui.

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