terça-feira, 19 de agosto de 2025

Advogado foi assassinado em Fortaleza após negociar soltura de clientes com PMs, dizem testemunhas

Foto: Reprodução
Videomonitoramento mostrou à Polícia Civil que o carro do advogado, um Peugeot 208 azul, foi perseguido por um Fiat Mobi branco, antes do ataque criminoso
Um cliente do advogado foi morto a tiros e outro ficou ferido, na ação criminosa. Um suspeito de participar do crime foi preso em flagrante, no último sábado (16)
O advogado Paulo Marcelo Silva Freire, de 46 anos, teria sido perseguido e morto, no bairro João XXIII, em Fortaleza, na última quinta-feira (14), após negociar a soltura de clientes - suspeitos de tráfico de drogas - direto com policiais militares, segundo testemunhas. O cliente Ítalo Jardel Menezes da Silva, 27, também foi assassinado, enquanto outro homem ficou ferido, na ação criminosa. Um suspeito de participar do crime foi preso em flagrante.

Conforme documentos obtidos pelo Diário do Nordeste, testemunhas contaram à Polícia Civil do Ceará (PCCE) que uma composição da Força Tática da Polícia Militar do Ceará (PMCE) realizou uma abordagem a jovens que utilizavam maconha, no Beco da Rosângela, no bairro Vila Manoel Sátiro - área dominada pela facção carioca Comando Vermelho (CV).

Ítalo Jardel foi uma das pessoas abordadas. Testemunhas ouviram disparos de arma de fogo. O advogado Paulo Marcelo Freire foi acionado e, ao chegar no local, entrou em um imóvel, com os policiais militares e os suspeitos.

Segundo testemunhas, após cerca de 30 minutos, o advogado saiu do local e anunciou para familiares e amigos dos suspeitos que conseguiu a liberação dos jovens, mas Ítalo e outro rapaz teriam que sair do local com ele. Há versões de que os policiais receberam R$ 5 mil, uma arma de fogo e até drogas, para não efetuar as prisões.

A reportagem questionou à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) e à Polícia Militar do Ceará sobre as denúncias de corrupção contra os PMs. Os órgãos informaram que o questionamento seria respondido pela Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário do Ceará (CGD), mas a resposta não foi enviada até a publicação desta matéria.

Perseguidos e assassinados
As investigações da Polícia Civil apontam que o carro Peugeot 208, de cor azul, de propriedade e dirigido pelo advogado Paulo Marcelo Silva Freire, com dois passageiros, foi perseguido por um veículo Fiat Mobi, de cor branca, logo após sair do local onde houve o suposto caso de corrupção.

Os três ocupantes do Peugeot 208 foram baleados, por volta de 23h55 daquela quinta-feira (14), na Travessa Rio de Janeiro com Rua Cacilda Becker, no bairro João XXIII. 

Paulo Marcelo sofreu 7 tiros e morreu no local. Ítalo Jardel foi levado ao hospital Instituto Doutor José Frota (IJF) em estado grave e morreu nas horas seguintes. Já o terceiro homem, que também foi baleado, conseguiu sair do carro com vida e pedir ajuda a moradores da região.

Prisão de suspeito
Ao identificar o veículo Fiat Mobi utilizado pelos assassinos, a Polícia Civil chegou a um homem que estava alugando o veículo de uma locadora. Luiz Henrique Galdino Braga, de 27 anos, foi preso em flagrante na residência de familiares, no bairro Parreão, na Capital, no último sábado (16).

"Logo após o registro de um crime de homicídio doloso e de uma dupla lesão corporal por disparos de arma de fogo no bairro João XXIII, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), unidade especializada da Polícia Civil, iniciou os trabalhos investigativos. Com os trabalhos, os policiais identificaram um homem, de 27 anos, como sendo o autor do crime e empreenderam diligências com o intuito de capturá-lo", divulgou a SSPDS.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, o suspeito possui uma extensa ficha criminal, com passagens pela Polícia por crime contra a administração pública, roubo a pessoa, tráfico ilícito de drogas, associação para tráfico, três registros por crimes de homicídio doloso, porte ilegal de arma de fogo, integrar organização criminosa, receptação e associação criminosa.

No próprio sábado (16), Luiz Henrique Galdino Braga foi indiciado pela 11ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) por homicídio qualificado (por recurso que dificultou a defesa da vítima).

O suspeito passou por audiência de custódia, no Plantão Judiciário da Justiça Estadual, e teve a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva, no último domingo (17).

Diário do Nordeste

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