O pensionista e pedreiro aposentado Ismael Alves Bezerra, de 65 anos, natural de Angicos, no interior do RN, oi levado a júri popular na última terça-feira (12), acusado de tentativa de feminicídio – crime que, segundo o Ministério Público, ele não cometeu. O equívoco na denúncia fez com que ele respondesse pelo delito errado e, ao mesmo tempo, ficasse impune pelo crime real, que seria tentativa de homicídio contra outro homem, conforme afirmou o promotor de Justiça Ítalo Moreira Martins.
Durante os 10 meses que permaneceu preso, Ismael perdeu a pensão do INSS, contraiu tuberculose e viu a esposa ir morar com o amante.
Ismael vivia no bairro Sumaré, em Mossoró, com a esposa Ana Lúcia, com quem teve duas filhas. No dia 25 de outubro de 2024, ele foi ao Hospital Regional Rafael Fernandes buscar medicamentos e, ao retornar, não encontrou a companheira em casa. Saiu pedalando pelo bairro, procurando-a.
A encontrou na casa do amante, identificado como Francisco Nilson, com quem iniciou um bate-boca, com ameaças dos dois lados.
Houve discussão e ameaças mútuas. Ismael voltou para casa, pegou um facão e retornou ao local. Ele relata que encontrou Nilson armado com um cabo de chibanca, pronto para atacá-lo. Ao se defender, o facão escorregou e cortou os dedos do homem. A briga cessou em seguida.
Ismael foi preso em flagrante pela Polícia Militar e Nilson encaminhado ao Hospital Regional Tarcísio Maia. Inicialmente, o Ministério Público o denunciou por tentativa de homicídio, mas, antes do júri, houve um aditamento equivocado, transformando a acusação em tentativa de feminicídio — e Nilson deixou de ser vítima para se tornar testemunha.
Ao analisar as provas durante o júri, o promotor percebeu o erro e pediu a absolvição.
O advogado de defesa Hiago Carvalho informou que tentou diversas vezes um habeas corpus para que o cliente respondesse em liberdade, mas todos foram negados devido à acusação de feminicídio. Ele afirmou que irá orientar o ex-preso a processar o Estado.
O julgamento começou por volta das 9h e terminou ao meio-dia, com a absolvição de Ismael Alves, que precisou voltar ao presídio para pegar seus pertences antes de deixar o local e iniciar o tratamento de saúde.
MossoróHoje/Via Grupo Cidadão 190