segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Ceará tem cemitério de freiras centenário em cidade do sertão

Foto Camila Araújo
Na pacata Serra do Estevão, a 22 quilômetros de Quixadá, no sertão do Ceará, um cemitério discreto guarda a memória das religiosas que ajudaram a construir a história espiritual e social da região. As freiras que hoje administram o local não sabem a data exata de sua origem, mas a missão está presente naquela área desde o século passado.

O cemitério de freiras, como é conhecido no entorno, não tem um nome formal. No lugar, 38 religiosas estão enterradas, e o último sepultamento ocorreu em 2021. A propriedade está em um lugar recluso, afastado, onde as pessoas costumam ir, inclusive, para refletir e meditar. A manutenção do mosteiro se dá a partir da arrecadação com hospedagens e a realização de retiros.

Mantido pelas Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição, o cemitério de freiras passa por um processo de adequação junto ao à Prefeitura da cidade, já que a administração do local buscar conseguir autorização para transferir para lá freiras sepultadas em Fortaleza, reforçando o vínculo de pertencimento à comunidade onde viveram e serviram.

A administração do cemitério é responsabilidade da comunidade que também cuida da Ecopousada São José, instalada no antigo Mosteiro de Santa Cruz. A irmã Maria Nilsa Lima, 50 anos, explicou, em entrevista ao Diário do Nordeste, que a manutenção é simples, feita no dia a dia pelas próprias religiosas. “Somos nós que limpamos, que cuidamos. No Dia de Finados, vamos até lá, rezamos, lembramos das mais velhas. É um espaço nosso, de respeito e carinho”, diz.

O processo prático do sepultamento ocorre por meio de uma funerária. Segundo a irmã Nilsa, as religiosas têm plano funerário e, quando ocorre um óbito no local, após o atestado emitido pelo médico, funcionários da empresa realizam o enterro.

Para além da manutenção física, o cemitério é visto como parte viva da história das SMIC.

Nos relatos mais antigos, aparece em uma crônica de 1974, quando as Irmãs Iolanda, Eufrásia e Berchmans descreveram uma caminhada pela serra, mencionando que ‘no cemitério, cada sepultura é um canteiro, cujas angélicas contrastam com o verde da folhagem’.

Para a administradora do ambiente, o cemitério simboliza a continuidade da vida em comunidade mesmo após a morte. “Faria muito sentido a gente continuar em comunidade, vamos dizer assim, no cemitério. Às vezes até brincamos, porque hoje somos apenas quatro irmãs, e quando vamos lá, vemos tantas sepultadas. É como se a maior parte da comunidade já estivesse ali”, comenta.

Com informações do Diário do Nordestem

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