sábado, 8 de novembro de 2025

Sem nunca ter documento, cearense faz exame de arcada dentária para estimar a própria idade

Foto Defensoria Pública do Ceará/Reprodução
Um exame de arcada dentária foi um dos elementos utilizados para que Maria da Imaculada Conceição tivesse direito a tirar a primeira certidão de nascimento, com cerca de 70 anos de idade. O resultado do exame mostrou que a idade cronológica dela se aproxima da provável data de nascimento, estimada para o ano de 1957.

Sendo chamada apenas de Conceição, a idosa passou uma vida inteira sem documentos. Até que, com auxílio da Defensoria Pública do Ceará, ela teve direito aos primeiros registros em 2025. Sobrenome, origem e data de nascimento eram desconhecidas para ela

O exame de arcada dentária e a coleta de impressões digitais foram realizados em parceria com a Perícia Forense do Ceará (Pefoce), conforme detalhou ao g1 o defensor público Fernando Régis, que acompanhou o caso de Conceição.

Exames e buscas em cartórios

A ideia era saber se havia registros dela nas bases de dados ou sistemas de identificação oficiais. Após os resultados, foi verificado que ela não existia oficialmente no Brasil.

Ao analisar a arcada dentária, é possível comparar chapas de raios X e tentar identificar alguém por meio das características únicas dos formatos de dentes, além de comparar trabalhos como restaurações e canais. É desta forma que a perícia consegue identificar pessoas que já tenham outras chapas feitas por um dentista em momentos anteriores.

Caso a identidade da pessoa seja desconhecida, o único dado que resulta desse exame é uma estimativa da idade da pessoa.

“Nessa parceria, os profissionais da Pefoce puderam laudar que, de fato, aquela mulher não possuía, até então, nenhum documento, nenhum registro, e que a idade dela era compatível com a que ela apontava, a idade cronológica com a idade suposta do nascimento dela”, afirmou o defensor.

Este método foi utilizado pela Defensoria, que também oficiou cartórios de registro civil em busca de algum dado sobre Conceição. A equipe multidisciplinar da Defensoria também conversou com a mulher para tentar entender a história de vida dela.

“Foi mesmo muito emocionante porque ela falava, mas não tinha esses números, não tinha essas datas, esses momentos de confraternização, de aniversário… Mas ela acreditava que ela seria dessa data, que teria aquele ano, aproximadamente, do nascimento dela”, conta Fernando Régis.

Com estes elementos, o órgão entrou com ação judicial para que ela tivesse direito à lavratura tardia do registro de nascimento. A certidão de nascimento foi recebida por ela no dia 12 de agosto. Em outubro desse ano, ela conseguiu tirar o RG pela primeira vez.

Com informações do G1 Ceará.

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