Precisar de consulta médica e amargar meses ou até anos de espera é realidade ainda concreta para milhares de cearenses. O Estado tem, hoje, cerca de 74 mil pacientes aguardando por atendimento em ortopedia, oftalmologia, ginecologia, cardiologia, oncologia (câncer) e otorrinolaringologia.
Os dados foram informados ao Diário do Nordeste por Breno Novais, coordenador de Monitoramento, Avaliação e Controle do Sistema de Saúde da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), em entrevista na última quinta-feira (31).
As seis especialidades citadas são prioritárias do programa Agora Tem Especialistas, do Governo Federal – que, entre as ações, prevê a troca de dívidas de planos de saúde com a União por prestação de atendimento a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), com consultas, exames e procedimentos.
A maior fila para consultas no Ceará que pode ser “desafogada” pelo programa é a de ortopedia: 21 mil pacientes estão à espera de atendimento especializado. Em seguida, vem a oftalmologia, com outros 21 mil; ginecologia, com cerca de 16 mil; otorrino, com 14 mil; cardiologia, com 2 mil; e oncologia, com 200 pessoas.
Breno explica que as especialidades foram elencadas pelo programa federal porque são as de maior demanda, tanto no Estado como em nível nacional. O gestor explica que, na ortopedia, a demanda se deve à idade dos pacientes e a traumas. O envelhecimento da população também infla a fila para assistência a problemas de visão.
Sobre a fila de oncologia, que destoa das demais por ter bem menos pacientes, o coordenador justifica que, além da urgência de atendimento, “são praticamente zeradas porque o Estado ampliou bastante o atendimento, para dar celeridade”.
Filas “não qualificadas”
As filas massivas que se acumulam na saúde pública cearense são atravessadas, ainda, por problemas burocráticos. O coordenador de monitoramento ressalta que elas “são desqualificadas”, ou seja: há pacientes sem indicação para aquele atendimento ou mesmo que já foram assistidos, mas não tiveram o nome retirado.
“A gente trabalha fazendo priorização de atendimento. Todas essas filas que passam aqui pelo Estado passam pelo aval da regulação, para ver a real indicação. Quando temos uma grande demanda de solicitação, é necessário fazer isso, com profissionais treinados”, frisa.
O trabalho é feito pela Central de Regulação da Sesa, que concentra os pedidos de consultas e exames especializados na rede estadual. As Secretarias de Saúde de Fortaleza e do Ceará têm a intenção de unificar as filas estadual e municipal, para dar mais eficiência e rapidez aos atendimentos. Ainda não há prazo para isso ocorrer.
60 dias deve ser o tempo entre a suspeita do problema de saúde e o diagnóstico do paciente no SUS, como determina o Agora Tem Especialistas. Para câncer, o prazo é 1 mês.
Em Fortaleza, além das consultas, as filas para exames são expressivas na rede municipal. Riane Azevedo, secretária de Saúde da capital, destaca que as esperas por exames de eletrocardiograma (314 mil pacientes), tomografia (35 mil), ressonância magnética (cerca de 15 mil) e mamografia (dado não informado) são as mais numerosas.
“Estamos trabalhando cada uma delas. Como a maior fila é a de ECG, começamos a imaginar como resolver. Então pensamos em colocar um aparelho em cada posto de saúde e treinar os técnicos para realizar o exame”, disse, em entrevista ao Diário do Nordeste, na última quinta (31).
Com informações do Diário do Nordeste