Com assinaras de aproximadamente 700 professores, foi publicada, nesta quarta-feira (15) uma “Carta Aberta das Professoras e Professores à Executiva Municipal do Partido dos Trabalhadores de Fortaleza”, com o seguinte teor
“Nós, representantes de uma categoria historicamente engajada nas lutas sociais e na construção de uma sociedade mais justa, nos dirigimos a esta executiva municipal do Partido dos Trabalhadores (PT) com um misto de indignação e perplexidade. A recente nota emitida por este diretório, que opta por uma condenação sumária sem garantir o fundamental direito de defesa, revela um método que nos causa profunda estranheza e repúdio, especialmente por partir de uma agremiação política cuja trajetória se confunde com a defesa intransigente dos princípios democráticos.
É imperativo esclarecer que nossa divergência não reside no campo pessoal, mas sim na concepção de projetos para a educação pública de Fortaleza. As críticas e mobilizações de nossa categoria são fruto de um compromisso inabalável com uma educação de qualidade, que valorize seus profissionais e que seja, de fato, transformadora. Não se trata de um embate de nomes, mas de visões distintas sobre os rumos que a política educacional deve seguir em nossa cidade.
Nesse sentido, causa-nos enorme estranheza a nomeação e manutenção de um secretário de educação filiado ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), uma sigla que se declara abertamente como oposição ao projeto político defendido pelo Partido dos Trabalhadores. Como podemos interpretar a presença de um quadro de um partido adversário em uma pasta tão estratégica? Seria ele um “cavalo de Troia”, posicionado para articular interesses que visam às eleições de 2026, em detrimento das necessidades imediatas da nossa rede de ensino? A questão, ainda que irônica, reflete a desconfiança que tal arranjo político impõe sobre a nossa categoria.
É doloroso para nós, professoras e professores que estivemos na linha de frente da construção e das lutas do Partido dos Trabalhadores, testemunhar o atual distanciamento desta gestão das bases que sempre a sustentaram. Esquecem-se, ao que parece, das inúmeras batalhas que travamos juntos, dos sonhos que compartilhamos e do suor que derramamos para eleger representantes que, esperávamos, honrariam essa história.
O constrangimento se aprofunda ao vermos a presidenta de nossa entidade sindical, Ana Cristina Guilherme, ser alvo de ataques que extrapolam o debate político e resvalam no machismo, na misoginia e em um virulento sentimento antissindical. É inadmissível que uma liderança sindical, em meio a tantos ataques pessoais, seja surpreendida com posturas tão retrógradas vindas de um partido que se proclama defensor histórico da igualdade de gênero e dos direitos dos trabalhadores. Tal violência política não apenas ofende a nossa presidenta, mas agride cada mulher e cada sindicalista que acredita na política como um espaço de respeito e transformação.
Diante do exposto, exigimos o que é basilar em qualquer relação democrática: respeito à nossa categoria, atendimento às nossas justas reivindicações e, acima de tudo, respeito à verdade. Não aceitaremos que a nossa luta legítima seja descaracterizada por narrativas que visam apenas a blindar a gestão de críticas necessárias.
Por fim, clamamos pelo direito de defesa, uma das mais caras bandeiras democráticas que o próprio Partido dos Trabalhadores ajudou a consolidar em nossa nação. É particularmente grave que tais ataques partam de um recém-filiado, Evandro Leitão, contra uma militante histórica do partido, cuja trajetória de luta e dedicação à causa da justiça social e da escola pública, gratuita e de qualidade é reconhecida em todo o país.
Que o diálogo prevaleça sobre a condenação, que a verdade se sobreponha às conveniências políticas e que a história de luta que nos une não seja apagada por divergências conjunturais. Que a nossa estrela retorne as trabalhadoras e trabalhadores do Brasil.
Saudações petista”,
Blog do9 Edison Silva