sexta-feira, 11 de julho de 2025

Justiça Eleitoral cassa mais um mandato de prefeito e vice no interior do Ceará, por ligação com chefe de facção

Carlos Roberto Costa Filho e Antônio Ferreira, ambos do PSDB, foram condenados por abuso de poder nas eleições de 2024; decisão determina novas eleições no município. A defesa já anunciou que irá recorrer ao Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE)
A Justiça Eleitoral determinou, nesta sexta-feira (11), a cassação dos mandatos do prefeito de Iguatu, Carlos Roberto Costa Filho (PSDB), e do vice-prefeito, Antônio Ferreira de Souza (PSDB). A decisão, de primeira instância, se baseia em acusações de abuso de poder e uso indevido da máquina pública com suposto apoio de uma facção criminosa durante a campanha municipal de 2024.

O juiz responsável pela 13ª Zona Eleitoral, com sede em Iguatu — cidade localizada na Região Centro-Sul do Ceará —, também declarou os dois políticos inelegíveis por oito anos e aplicou multa individual de R$ 30 mil. Além disso, determinou a realização de novas eleições. Por se tratar de uma decisão que ainda pode ser contestada, os réus seguem no exercício dos cargos enquanto aguardam análise do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE).
As investigações tiveram início após a prisão da advogada e influenciadora digital Márcia Rúbia Batista Teixeira, em setembro do ano passado. Ela foi detida sob suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas. No curso da apuração, surgiram indícios de que ela teria atuado como elo entre a campanha de Carlos Roberto Costa Filho e integrantes do Comando Vermelho (CV) em Iguatu.

Segundo relatório da Polícia Civil (PCCE), um acordo foi selado em agosto de 2024 entre Márcia Rúbia Teixeira e o traficante Thiago Oliveira Valentim, conhecido como Thiago Fumaça. A negociação previa o repasse de R$ 10 mil em troca da indicação de um articulador político para atuar em áreas sob domínio da facção, especialmente no bairro Santo Antônio, um dos maiores colégios eleitorais daquela cidade.

A atuação da advogada, conforme o inquérito policial, tinha como objetivo alavancar votos em comunidades vulneráveis, onde o poder do tráfico impõe forte influência sobre a população. Em conversas interceptadas, Márcia Rúbia Teixeira promete repasses financeiros e dá orientações para o recrutamento de cabos eleitorais alinhados ao grupo criminoso.

A defesa do prefeito argumenta que o nome de Carlos Roberto Costa Filho não aparece diretamente nas conversas interceptadas e que o processo é nulo, pois a investigação foi conduzida por uma força policial estadual, quando o correto seria a apuração pela Polícia Federal (PF). Os advogados também afirmam que não há provas materiais que liguem o chefe do Executivo ao suposto esquema.

Apesar da gravidade das acusações, os efeitos práticos da sentença estão suspensos até que todas as instâncias sejam esgotadas. O caso reacende o debate sobre a influência do crime organizado na política municipal, especialmente em regiões interioranas do Ceará, onde o tráfico tem se articulado para interferir no resultado das urnas.gional Eleitoral do Ceará (TRE-CE)

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