Barraqueiros envolvidos na confusão que terminou com agressões a um casal de turistas em Porto de Galinhas, no Litoral Sul de Pernambuco, vieram a público para negar acusações de cobrança abusiva e homofobia. Em um vídeo publicado nas redes sociais, comerciantes afirmam que não houve aumento indevido de valores nem motivação discriminatória no episódio.
O vídeo foi divulgado nesta segunda-feira (29) no perfil do influenciador Marcio Henrique e reúne 11 barraqueiros, dois dias após a confusão registrada no sábado (27). Segundo o governo de Pernambuco, 14 pessoas já foram identificadas como participantes das agressões. As vítimas, no entanto, relataram que teriam sido atacadas por cerca de 20 a 30 comerciantes.
Assista:
Versão dos comerciantes
Em depoimento, um dos barraqueiros que não se identificou, afirmou que não houve homofobia e atribuiu o conflito ao estado dos turistas.
“Não foi um caso de homofobia. Estão tentando associar isso à história, mas não foi. Aparentemente, os clientes estavam embriagados”, disse.
Outro comerciante, identificado apenas como Dinho, alegou que também foi agredido por um dos turistas após a recusa em pagar R$ 80 pelo uso das cadeiras.
“Ele me deu um mata-leão. Antes, bateu no cardápio, depois eu empurrei”, relatou.
Os barraqueiros afirmam ainda que, logo na chegada do casal à praia, um funcionário explicou como funcionava a estrutura das barracas e informou previamente o valor cobrado pelo aluguel das cadeiras.
Uma barraqueira identificada como Vera disse que o conflito começou após um dos turistas reclamar da posição das cadeiras.
“Quando colocamos as cadeiras, ele pulou para a da frente e disse que ninguém ficaria na frente dele”, contou.
Outro comerciante reforçou a negativa de discriminação.
“Não houve homofobia. Gostamos do público homossexual, é um público que consome. Isso não aconteceu”, afirmou.
Posição da associação
Em nota, a Associação dos Barraqueiros de Porto de Galinhas informou que tem conhecimento do caso, mas destacou que atua como entidade representativa, não como órgão julgador. A associação disse que aguardará o resultado das investigações antes de se posicionar e declarou que repudia qualquer tipo de violência.
Relato das vítimas
Os turistas Johnny Andrade e Cleiton Zanatta, de Mato Grosso, afirmam que foram espancados após se recusarem a pagar uma cobrança maior pelo uso das cadeiras de praia. Segundo o casal, o valor teria passado de R$ 50 para R$ 80 sem aviso prévio.
Em entrevista, Johnny relatou que foi agredido após questionar a cobrança e disse ter percebido indícios de homofobia durante o ataque.
“Foi oferecido R$ 50, com a promessa de isenção se consumíssemos. Quando pedimos a conta, disseram que, como não consumimos, a cadeira custaria R$ 80”, contou.
Após a confusão, o casal foi levado por guarda-vidas à Delegacia de Porto de Galinhas, mas precisou buscar atendimento médico antes de registrar o boletim de ocorrência, devido a ferimentos no rosto e dores pelo corpo.
Johnny também denunciou, em vídeo publicado no Instagram, problemas na estrutura de atendimento da região, afirmando que precisou se deslocar por aplicativo entre a delegacia e duas unidades de saúde, já que uma delas não dispunha de aparelho de raio-X.