sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

STJ valida busca domiciliar às 5h… mesmo sem sol

Foto: PixaBay
A 3ª seção do STJ decidiu, por maioria, que mandados de busca e apreensão podem ser cumpridos a partir das 5h da manhã, ainda que antes do nascer do sol, à luz do marco objetivo previsto na lei de abuso de autoridade, lei 13.869/19.

O colegiado negou provimento aos RHCs 196.481 e 196.496, que questionavam a legalidade de diligências iniciadas às 5h05, em João Pessoa/PB.

Prevaleceu o voto do relator, ministro Sebastião Reis Júnior, enquanto o ministro Rogerio Schietti ficou vencido ao propor que o cumprimento de mandados observe o intervalo entre 6h e 20h. (continua)

Entenda o caso

As defesas de duas advogadas investigadas na Operação Escoliose – ação que apura suposto cartel na venda de órteses e próteses a hospitais públicos e privados – sustentaram que a busca realizada em julho de 2023 violou a inviolabilidade domiciliar porque ocorreu em período noturno, já que o sol nasceu apenas às 5h33 naquele dia.

As defesas apresentaram dados astronômicos, fotografias, metadados e testemunhos para demonstrar que as equipes teriam chegado ainda antes das 5h, o que configuraria crime de abuso de autoridade. Relataram ainda os impactos da medida em lares onde dormiam idosos, crianças e famílias inteiras.

Sustentações orais

Os advogados sustentaram que o Estado violou o direito fundamental ao lar ao cumprir mandados em plena noite.

Defenderam que a Constituição e o CPP exigem luz solar efetiva para caracterizar o período diurno e que o mero marco cronológico de 5h não atende à proteção assegurada pela cláusula pétrea da inviolabilidade domiciliar.

Citaram precedentes do STF e do próprio STJ que reconhecem a ilegalidade de buscas iniciadas antes da aurora, bem como a jurisprudência da 6ª Turma, que anulou diligência realizada às 5h30 diante da comprovação de ausência de luz natural.

Lembraram ainda que a Corte Interamericana de Direitos Humanos já advertiu que incursões policiais feitas à noite produzem efeitos mais traumáticos e ampliam o risco de abusos, sobretudo contra mulheres, crianças e grupos vulneráveis.

No caso concreto, afirmaram que houve falta de diligência do MP ao direcionar a operação para residências onde as investigadas não moravam mais, gerando constrangimento a idosos e expondo famílias a situação abusiva durante o repouso noturno.

O MPF, por sua vez, defendeu a legalidade da operação, argumentando que a lei de abuso de autoridade resolveu o debate ao criminalizar o cumprimento de mandado antes das 5h e após as 21h.

Para o órgão, se o legislador definiu expressamente esses limites, todo o período a partir das 5h deve ser considerado lícito, ainda que não haja luz natural no momento da diligência.

Relatoria

O ministro Sebastião Reis Júnior reconheceu que a definição de “dia” sempre gerou divergências doutrinárias, com critérios que variam entre o físico (existência de luz solar), o cronológico (horário fixo) e o misto.

No entanto, afirmou que essa disputa foi superada pela lei 13.869/19 (lei de abuso de autoridade), que criminalizou o cumprimento de mandado antes das 5h e após as 21h, delimitando, assim, o início do período em que o cumprimento é permitido.

Assim, a norma passou a definir “horário certo e definido” para o cumprimento de mandados, dispensando considerações sobre luminosidade natural.

O relator destacou ainda que o auto circunstanciado – assinado por testemunhas e por representantes da OAB – não registrou ausência de luz no local da diligência, e que eventual alegação de ingresso anterior às 5h exigiria reexame de provas, o que é inviável em habeas corpus. Diante disso, votou por negar provimento aos recursos, validando o cumprimento do mandado às 5h05.

Inviolabilidade do lar

O ministro Rogerio Schietti divergiu, sustentando que a lei de abuso de autoridade não definiu o que é “dia”, mas apenas delimitou quando o cumprimento do mandado configura crime. Isso não significa, segundo afirmou, que uma diligência feita às 5h – ainda em plena noite – seja automaticamente válida do ponto de vista constitucional.

Para Schietti, o cumprimento de mandados em período de escuridão afronta a proteção reforçada do lar, uma das garantias mais sensíveis do Estado de Direito. Citou decisão recente da Corte Interamericana de Direitos Humanos que reconhece o caráter especialmente lesivo das invasões domiciliares noturnas, com impactos acentuados sobre mulheres, crianças e adolescentes.

Ressaltou também o histórico brasileiro de abusos em operações policiais e lembrou que, em grande parte do país, o amanhecer ocorre bem depois das 5h, especialmente no inverno.

Ele defendeu que o critério adequado deve ser o previsto no CPC, aplicável por analogia ao processo penal, fixando o intervalo entre 6h e 20h. Advertiu que autorizar incursões às 5h equivale a ampliar o espaço para operações ainda noturnas, o que reputou perigoso em um país marcado por práticas policiais violentas.

Propôs, por fim, a modulação de efeitos, para que o novo marco valha apenas para casos futuros, sem anular diligências já praticadas sob entendimento diverso.

Resultado

Por maioria, a 3ª seção negou provimento aos recursos, validando o cumprimento do mandado às 5h05 e adotando, como referência, o intervalo de 5h às 21h definido pela lei de abuso de autoridade.

Ficou vencido o ministro Rogerio Schietti que defendia a nulidade da diligência e a adoção do marco de 6h às 20h para cumprimento de mandados no futuro. 

Fonte: Migalhas

Professora é morta a tiros no interior do Ceará e caso é investigado como feminicídio

Foto: G1 CE
O marido da vítima é apontado como principal suspeito de ser o mandante do crime
Uma mulher foi morta a tiros na manhã desta sexta-feira (12) em Missão Velha, na região do cariri cearense. A vítima, identificada como Karine Barros, de 37 anos, trabalhava como pedagoga e foi atingida por disparos por volta das 7h, em frente a escola, onde exercia suas atividades profissionais, no bairro Boa Vista.

Segundo informações preliminares, Karine chegava ao local em uma motocicleta quando foi surpreendida por dois homens também em uma moto, que efetuaram vários disparos. Equipes da Polícia Militar e do SAMU foram acionadas, mas a morte foi constatada ainda no local.
A Polícia Civil investiga o caso como feminicídio. O ex-marido da vítima é apontado como principal suspeito de ser o mandante do crime. Ele foi localizado em sua casa com o filho do casal, de dois anos, e conduzido à Delegacia de Polícia Civil do município para prestar depoimento.

Segundo familiares, Diego vinha fazendo ameaças contra Karine, inclusive pelas redes sociais, e tentava retomar o relacionamento, que havia terminado após desavenças frequentes.

Ainda conforme relatos de familiares, o suspeito estava com a criança desde o dia anterior e não devolveu o filho à vítima no horário habitual, o que teria gerado preocupação em Karine antes de sair para trabalhar.

Homem que atuava como bicheiro é morto a tiros enquanto montava barraca de apostas no Ceará

O Núcleo de Homicídios da Delegacia Metropolitana de Maracanaú assumiu a investigação do caso e trabalha para reunir indícios que ajudem a localizar e identificar os envolvidos.
Um homem identificado como Mike, que estaria atuando como bicheiro, foi morto a tiros em uma via pública do município de Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

Conhecido na região por trabalhar diariamente com apostas do jogo do bicho, ele foi assassinado no momento em que atendia um cliente. De acordo com testemunhas, pessoas armadas se aproximaram e efetuaram diversos disparos.

A visibilidade no local era reduzida, por causa de um caminhão de entregas de refrigerantes estacionado na via, o que teria dificultado que moradores vissem detalhes da ação criminosa. Mesmo ferido, Mike ainda tentou correr, mas caiu na calçada de um estabelecimento comercial.

Mike, que tinha cerca de 30 anos, era conhecido no bairro e, segundo vizinhos, mantinha boa relação com os comerciantes e moradores da região. A comunidade relatou que ele era visto como uma pessoa tranquila e prestativa, o que aumenta a dúvida sobre o que teria motivado o ataque. A polícia ainda apura se a vítima tinha histórico criminal e se isso pode estar relacionado ao homicídio.

Mulher agride André Fernandes e Dayany Bittencourt no Aeroporto de Fortaleza

André Fernandes no Aeroporto de Fortaleza
Os dois não reagiram e a agressora responderá a processos
Uma mulher agrediu os deputados federais cearenses André Fernandes e Dayany Bittencourt no Aeroporto de Fortaleza na madrugada desta sexta-feira (12).

Passageira que estava no Pinto Martins comete agressões inaceitáveis com ataques de homofobia, misoginia e outros crimes.

Câmara dos Deputados deve adotar providências. E agressora responderá a processos. Tanto André quanto Dayane não reagiram.

Veja vídeo:

Elmano prepara reforma no governo às vésperas do ano eleitoral

O governador Elmano de Freitas (PT) prepara uma reforma administrativa a menos de um ano das eleições e a quatro meses do prazo de desincompatibilização. Entre dezembro deste ano e março de 2026, pelo menos 13 nomes devem deixar o primeiro escalão, incluindo Domingos Filho (Desenvolvimento Econômico), Moisés Braz (Desenvolvimento Agrário), Luísa Cela (Cultura), Chagas Vieira (Casa Civil), Lia Gomes (Mulheres), Vladyson Viana (Trabalho), Fernando Santana (Recursos Hídricos) e Eduardo Bismarck (Turismo).

Parte desse grupo é cotada para disputar vagas na Câmara dos Deputados, como Bismarck e Santana. Outros, como Chagas Vieira, aguardam definição de papel dentro da chapa governista. A vice-governadora Jade Romero (MDB) também deve se afastar da Proteção Social para possível candidatura, mas seguirá no Executivo — sem assumir o comando do governo, o que lhe traria impedimentos eleitorais.

Mesmo com intenção inicial de antecipar as saídas, a tendência é que os secretários permaneçam até depois do carnaval.

No campo legislativo, vários integrantes do governo planejam disputar vagas na Assembleia ou renovar seus mandatos. Zezinho Albuquerque (PP) retornará à Alece para concorrer novamente. Também são cotados para a disputa estadual Erich Douglas (Proteção Animal), Adelita Monteiro (Juventude), Vladyson Viana (Trabalho) e Oriel Nunes Filho (Pesca). Luísa Cela, recém-filiada ao PT, avalia candidatura à Assembleia ou à Câmara Federal.

Fonte: O Povo

Leônidas Cristino assume vice-presidência da Frente Parlamentar Mista de Portos e Aeroportos

A Frente Parlamentar Mista de Portos e Aeroportos (FPPA) realizou, na quarta-feira (10/12), a cerimônia de posse de seus vice-presidentes em Brasília, em um encontro que reforçou a importância do setor de infraestrutura para o desenvolvimento do país. O evento marcou a consolidação da nova estrutura de liderança da FPPA e reservou especial reconhecimento ao deputado federal Leônidas Cristino (PDT-CE), que assumiu a função de vice-presidente Honorário.
Leônidas Cristino foi amplamente citado entre os presentes como uma das figuras mais influentes da Frente, devido à sua trajetória ligada ao fortalecimento dos portos brasileiros e à defesa de investimentos que garantam competitividade e segurança para o transporte nacional. A nova composição da FPPA reforça o peso político do parlamentar cearense dentro das discussões que envolvem logística, infraestrutura e desenvolvimento sustentável.

Sobral em Revista

Brasileiros vão receber gratificação de Natal no valor de R$ 2.033,93

Foto: USO Imagens
A Câmara Municipal de São Paulo anunciou a concessão de um benefício adicional de Natal aos seus cerca de 2 mil funcionários. No início de dezembro, foi instituído um pagamento extra de R$ 2.033,93, apelidado informalmente de “vale-peru”, como parte do auxílio-alimentação mensal.

Este incremento faz com que cada servidor receba um total de R$ 4 mil no mês, gerando uma despesa de aproximadamente R$ 8 milhões aos cofres públicos.

Detalhes do benefício de Natal
O auxílio extra foi aprovado através de uma resolução. A decisão de duplicar o valor do vale-alimentação mensal de R$ 2 mil ocorreu sem grande divulgação pública.

O benefício é adicional ao vale-refeição diário de R$ 93 que os funcionários recebem, cujo valor foi ajustado em março de 2025, em 9,4%, um percentual superior à inflação do período.

Repercussão 
O aumento desse benefício suscitou opiniões divergentes. Por um lado, os servidores consideram o auxílio justo, enquanto críticos argumentam que o recurso poderia ser alocado em outras áreas essenciais.

Historicamente, a Câmara Municipal de São Paulo tem ampliado seus pacotes de benefícios, enfrentando debates sobre a sustentabilidade e a alocação de recursos em seu orçamento.

Ajustes recentes em outros benefícios
Além do “vale-peru”, o auxílio-saúde também foi reajustado. Em junho de 2025, a Câmara autorizou um aumento de 22% nos valores do reembolso para despesas médicas.

Este ajuste seguiu critérios estabelecidos por lei e foi acompanhado de um total de reembolsos que atingiu R$ 5,9 milhões em julho deste ano. Os auxílios fornecem uma estrutura robusta de compensação aos servidores.

Alan da SilvaPor: Alan da Silva - Jornalista e revisor.
Diário do Comércio

Adeus, R$1518: Salário mínimo histórico de R$1871 está em vigor para salvar lista de CLTs no Brasil em 2025

Foto: Reprodução/ Internet
Lista de CLTs já estão contando com um salário mínimo de R$ 1871 agora em 2025, deixando os R$ 1518 no chinelo
Neste ano, uma lista de trabalhadores de carteira assinada receberam uma notícia para lá de boa. Acontece que o salário mínimo de 2025 entrou em cena com um valor histórico de R$1871 para milhares de CLTs que já estão recebendo esse valor acima do piso salarial nacional.

A terceira faixa do salário regional do Rio Grande do Sul, deixa para trás os R$1518 e traz um alívio para quem vive apertado com as contas. Com esse piso, milhares de CLTs ganharam um verdadeiro respiro num momento de custo de vida alto em todo o país.

Novo piso salarial no RS
De acordo com as informações divulgadas pelo G1, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovou no começo do ano um reajuste de 8% no salário mínimo regional. Com isso, o menor valor pago subiu de R$1.656,51 para R$1.789,04.

O estado trabalha com cinco faixas salariais, cada uma baseada no tipo de atividade. Aliás, é na terceira faixa que aparece o valor de R$1871, destinado aos CLTs de áreas como alimentos, móveis, química, farmacêutica, comércio e armazéns.

Conforme a fonte, o principal objetivo do reajuste é recuperar o poder de compra do trabalhador gaúcho diante da inflação acumulada e manter o estado competitivo no cenário nacional.

Faixas salariais

  • Faixa 1: de R$1.656,51 para R$1.789,04. Inclui agricultura, pecuária, pesca, domésticos, construção civil, turismo, motoboys e outros.
  • Faixa 2: de R$1.694,66 para R$1.830,23. Engloba indústria têxtil, calçados, fiação, saúde, limpeza, hotéis, bares e restaurantes.
  • Faixa 3: de R$1.733,10 para R$1.871,75. Reúne indústrias de alimentos, móveis, química, farmacêutica, comércio e armazéns.
  • Faixa 4: de R$1.801,55 para R$1.945,67. Abrange metalúrgicas, gráficas, borracha, vidros, vigilantes e auxiliares escolares.
  • Faixa 5: de R$2.099,27 para R$2.267,21. Voltada para profissionais técnicos de nível médio.
O aumento regional superou e muito o valor adotado pelo Governo Lula. Desde 1º de janeiro, o salário mínimo nacional está em R$1518, um reajuste de R$106 em relação a 2024. O cálculo levou em conta a inflação medida pelo INPC e um ganho real de 2,5%, seguindo a regra atual.

Afinal, qual a previsão para o salário mínimo de 2026?
A expectativa para o salário mínimo nacional de 2026 foi revista e caiu de R$1631 para R$1627. Aliás, essa revisão aconteceu porque a inflação está avançando menos do que o previsto. Ademais, o valor final só será confirmado após a divulgação do INPC.

TV Foco

'A gente se chamava de irmão', diz universitária sobre colega preso suspeito de estuprá-la

Mulher denuncia ter sido estuprada por universitário no Ceará
A jovem de 20 anos vítima de estupro relatou que tinha uma relação "de melhores amigos" com o homem preso suspeito de estuprá-la. O aluno, de 24 anos, é colega universitário da vítima e foi capturado nesta quinta-feira (11).

O caso teria acontecido na casa da vítima, no bairro Álvaro Weyne, em Fortaleza. Os dois estavam assistindo a um jogo de futebol quando o crime teria ocorrido, conforme relato da vítima. "A gente se tinha uma relação de melhores amigo, de se chamar de irmão. De chamar a mãe do outro de minha mãe. Sempre que nunca teve um estímulo sexual", afirma a vítima. O registro foi feito no 1º Distrito da Polícia Civil, no bairro Monte Castelo.

O crime teria acontecido na noite de quarta-feira (10), e a denúncia foi feita na manhã desta quinta-feira. "O que pesou na minha consciência [para fazer a denúncia] é que ele é amigo de outras meninas também.

Já aconteceu uma coisa parecida comigo quando eu era criança, e eu não pude fazer nada. Então, assim, de novo, agora eu maior de idade, dona de mim, quis vir", disse a jovem que denunciou. 

 “A gente estava na minha casa". 
A gente começou a beber, quando deu 21h30, a gente parou para ver um jogo. Só que eu não aguentei ver o jogo, fiquei muito tonta. Aí aconteceu o que aconteceu. A sensação era como se eu fosse desmaiar. Estava muito tonta mesmo”, falou a jovem. “O que eu conseguia falar era só 'hum', 'sai', 'tira a mão'; conseguia me virar de costas. Era o que eu conseguia fazer para me livrar da situação”, disse a vítima. Ela levou à delegacia roupas íntimas sujas de sangue. 

A universitária passou por exames na Perícia Forense para saber se foi dopada. Universitário é preso suspeito de estuprar amiga enquanto assistiam a jogo de futebol em Fortaleza.

g1

Brasileiros saltam em mar com tubarões após barco pegar fogo

Foto: Arquivo Pessoal/Carolina Pereira Topfstedt
Quatro brasileiros sobreviveram a um naufrágio durante uma hospedagem em um catamarã [tipo de embarcação de dois cascos], que pegou fogo nas Ilhas de San Blas, localizadas na costa caribenha do Panamá.

Eles contaram que precisaram pular no mar para escapar das chamas, enquanto tubarões nadavam ao redor do barco minutos antes.

O grupo viajava junto desde 28 de novembro em um roteiro pelo Panamá e pela Colômbia. A empreendedora Carolina Pereira Topfstedt, 32, e os amigos Douglas de Melo Zulião, Luciane Alves Casão e Leonardo Ricciarelli reservaram hospedagem, via Airbnb, em um catamarã conduzido por um capitão que morava na própria embarcação.
O incêndio começou logo após um estalo ouvido pelo capitão, vindo diretamente da cabine. Ele chamou o ajudante ao perceber fumaça saindo do local, segundo Carolina. O grupo tinha acabado de voltar de um mergulho com snorkel. “Eu vi a fumaça e corri para a sala.

O Douglas pegou o extintor, mas a fumaça só aumentava. De repente, eu vi a feição do capitão de desespero e uma labareda atrás dele”, relatou Carolina

A velocidade do fogo impediu qualquer reação organizada, e a fuga aconteceu no instinto. “Pulei no bote na hora, porque achei que o catamarã fosse explodir”, contou Carolina. Comecei a gritar pelos meus amigos.” No mesmo instante, Luciane pulou direto no mar, mesmo sabendo que tubarões circulavam ali. Leonardo, seu marido, mergulhou atrás para ajudá-la.

Eu puxei a Luciane para dentro do bote enquanto o Douglas desamarrava. Não dá para explicar a sensação. Só pensava: ‘a gente precisa se afastar antes de explodir’. Eu peguei um remo e comecei a remar o mais rápido que pude, disse Carolina

O grupo remou a bordo do pequeno bote, até uma ilha próxima. O mesmo bote retornou para buscar o capitão e o ajudante, que sofreram queimaduras leves ao tentar salvar pertences do catamarã.

Quando chegamos na ilha, alguns indígenas nos deram água. Um casal estrangeiro nos deu toalhas para não ficarmos só de biquíni. Estávamos em choque, literalmente sem nada, relatou  Carolina

O capitão e o ajudante da embarcação “Terra” também estavam a bordo quando o incêndio começou no último sábado (6).

O cacique de San Blas assumiu o caso e levou os seis envolvidos para registrar um boletim de ocorrência. O grupo foi encaminhado em seguida para a sede do governo indígena em outra ilha. “Nos deram roupas, comida, banho, um lugar para dormir. Era tudo simples — banho gelado, sem luz — mas fomos recebidos com muito amor e empatia”, relatou Carolina.

No domingo, o cacique pediu que seu motorista levasse os brasileiros até a Cidade do Panamá para resolverem a documentação. Ele também telefonou pessoalmente ao cônsul brasileiro, Geraldo Seabra.

“Ele saiu de um almoço de domingo e foi nos encontrar. Ajudou com muita paciência e emitiu um documento que permitia nossa volta ao Brasil até o dia 11”, diz

  Sem roupas, dinheiro ou pertences, o grupo precisou comprar peças básicas antes de conseguir antecipar o voo. A viagem original só terminaria em 14 de dezembro. “Perdemos o resto da viagem, hospedagens, voos internos. Compramos a passagem mais próxima possível, que foi na madrugada do dia 8. Estávamos desolados, traumatizados”.

No aeroporto, passageiros perceberam o estado do grupo e emprestaram blusas para que não embarcassem apenas com as roupas improvisadas recebidas na ilha.

Carolina afirma que pretende voltar ao Panamá quando estiver recuperada emocionalmente. Entre os aprendizados que ficaram, ela cita, categoricamente: “fazer seguro-viagem, ter fotos dos documentos e contatos de emergência sempre à mão”

UOL