Trabalhadores dos Correios em sete estados brasileiros, incluindo o Ceará, iniciaram nesta quarta-feira (17) uma paralisação por tempo indeterminado. A decisão foi tomada em assembleias conduzidas por sindicatos locais na noite da terça-feira (16) e reflete o impasse nas negociações entre a Fentect e a direção da estatal.
Entre os principais pontos de atrito está a manutenção de benefícios considerados conquistas históricas pela categoria. No centro do debate aparece o chamado “Vale-Peru”, um abono de fim de ano no valor de R$ 2.500, além da luta contra a redução do adicional de férias (atualmente em 70%) e pela manutenção do pagamento em dobro para o trabalho realizado nos fins de semana.
O conflito ganhou força com a proposta da empresa de prorrogar o Acordo Coletivo de Trabalho até 2026 sem apresentar um reajuste salarial capaz de repor as perdas inflacionárias recentes. Para os trabalhadores, a ausência de aumento real, somada à defasagem salarial diante do custo de vida crescente, tornou a greve o único instrumento de pressão por valorização profissional.
Além das pautas financeiras, a paralisação expõe uma crise estrutural de pessoal que afeta diretamente bases como Ceará, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A categoria denuncia sobrecarga de trabalho causada pela falta de novos concursos públicos e pelo crescimento acelerado das encomendas do comércio eletrônico. Sem reforço no quadro, os funcionários relatam atrasos recorrentes nas entregas e adoecimento físico decorrente do excesso de demandas.